6 maio 2024

Bocalom ignora o caos que Rio Branco mergulhou

GINA MENEZES

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Há uma frase atribuída ao humanista e filósofo George Santayana que diz que “há três tipos de governo: o que faz acontecer, o que assiste acontecer e o que nem sabe o que acontece”. Esse parece ser o caso do prefeito Tião Bocalom que guiado pela certeza de que tudo sabe acaba não se situando em coisa alguma e deixa o governo acontecer sem ao menos saber realmente o que acontece. Convicto pela certeza absoluta de estar sempre com a razão, Bocalom tem o tipo de ideia fixa de louco, a imutável, a que não admite conselhos, sugestões ou assessoria de verdade.

A comemoração dos 139 anos de Rio Branco, cuja solenidade foi realizada na terça-feira (28) na Praça da Revolução, no centro da Capital, foi ao melhor modo Sucupira de ser. Um desvaneio sem lógica. Nada foi comemorado, nada foi anunciado de obras ou melhorias para Rio Branco e o prefeito se limitou a entregar uma réplica da espada de Plácido de Castro para ser recolocada no monumento. Foi tão mal organizada a “festa” que durante a solenidade a fonte que vive seca e entregue ao acaso estava sendo abastecida por um caminhão pipa. Os convidados, 98% deles funcionários de cargos comissionados, passavam entre as mangueiras. A equipe da prefeitura foi incapaz de ver os detalhes da cerimônia e ainda chamou um historiador que contestou o dia de aniversário da cidade.

Segundo ele, não seria aquele comemorado por Bocalom e sim dia 13 de junho. Um show de trapalhadas da Sucupira do Acre sem que Bocalom sequer se desse conta. Ele só tem olhos para o próprio umbigo. Bem disse George Stigler “o maior déficit de certos governos situa-se entre as orelhas de seus governantes”.

Enquanto a festa tupiniquim seguia, a periferia segue entre buracos, há mais de um mês que não há ônibus em quantidade suficiente circulando em Rio Branco. Os gestores da RBTrans, o Luz das lâmpadas, que perdeu a eleição para vereador, que se acha outra espécie de iluminado, não trabalha direito, passa o tempo todo na internet xingando quem ousar criticar Bocalom, ou seja, segue defendendo seu cargo. O Clendes Vilas Boas pouco se importa com a RBTrans e segue tentando montar um movimento comunitário paralelo. A Zeladoria segue mergulhada em denúncias de escândalos e corrupção. O diretor da Zeladoria, Joabe Lira, age de forma infantil torcendo o nariz para a imprensa e adotando olhar afrontador, como se fosse capaz de intimidar pelo menos uma criança de 6 anos.

A saúde segue capenga e a direção ousa dizer que corre o risco das unidades ficarem sem remédios para combater a gripe. Preparo prévio nunca existiu. A greve dos médicos foi vista com desdém.

A assessoria de imprensa mais parece um grupo de arenga infantil, bloqueando jornalistas que ousam criticar erros da prefeitura.

Bocalom segue no seu lugar de surdo, mudo, que ignora o que acontece, que não houve conselhos e que se acha iluminado demais para ouvir quem quer que seja. Mantém a ideia fixa dos loucos que não ousam raciocinar e ver que as coisas não estão bem. É o típico governante que nem sabe o que acontece. Não quer saber.

Rio Branco completou 139 anos sem motivos para comemorar.

*Gina Menezes é jornalista e sócia-fundadora do Jornal Folha do Acre

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