Acreano preso há 2 anos escreve livro em presídio, conclui estudos e sonha com medicina

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O jovem Arisson Martins, de 24 anos, conseguiu realizar o sonho de concluir o ensino médio e receber um diploma. A conquista vem atrelada a novas oportunidades e mudanças de vida. Martins está preso há mais de dois anos no Complexo Prisional Francisco d’Oliveira Conde (FOC), em Rio Branco, já escreveu um livro dentro da unidade e sonha em cursar medicina. O motivo da prisão dele não foi divulgado.

Martins foi um dos 33 detentos que receberam o certificado de conclusão dos estudos. Para receber os certificados de ensinos fundamental e médio, emitidos pela Secretaria estadual de Educação, Cultura e Esportes (SEE), os detentos foram aprovados no Exame Nacional para Certificação de Competência de Jovens e Adultos 2018 (Encceja). A cerimônia de entrega ocorreu no FOC, na capital acreana.

Sorridente e carismático, Martins nem poderia imaginar que hoje a vida dele mudaria por meio dos estudos. Agora recebendo o certificado, tem o poder de se reintegrar à sociedade.

“Não temos tantas escolhas quando chegamos aqui, mas vão abrindo as portas e vamos abraçando elas. Pra mim, é muito importante, estou me ressocializando graças a essa benefício”, complementou.

O detento está concluindo um livro sobre a vida dentro da prisão. O livro ‘Biografia de um Carcerário’ deve ser finalizado quando o jovem sair da unidade, programada para este ano.

Sobre o futuro, o rapaz já pensa em trabalho e cursos superiores. “Para tentar ingressar na faculdade, vou tentar medicina”, afirma.

Emprego

Ronilson Moreira também teve a oportunidade de concluir o ensino médio. Com o certificado nas mãos, ele já sabe o que vai fazer.

“Procurar melhor oportunidade de emprego, aprender mais porque na minha adolescência não tive a oportunidade de terminar os estudos e estou tendo agora. Vou sair do crime, conseguir um emprego melhor e cuidar da minha família”, prometeu.

Certificação

Além das aulas, os detentos recebem todo o acompanhamento, inclusive psicopedagógico, para que a formação ocorra da melhor forma possível.

A coordenadora de ensino do presídio, Margareth Santos, explicou que alguns dos presos permanecem custodiados na unidade de regime fechado na unidade. Outros cumprem pena no regime semiaberto, inclusive, em outras unidades no interior do estado.

Para os detentos que fazem os exames externos, não passaram por acompanhamento e solicitaram apenas a participação no exame.

“Eles solicitam e tendo a documentação necessária, que é RG e CPF, fazemos a inscrição deles. As inscrições são feitas de acordo com as peculiaridades do sistema, são alocados em salas onde podem realizar as provas e no dia são retirados para fazer. Vem uma equipe contratada pelo Inep para fazer a aplicação”, Margareth Santos, coordenadora de ensino.

A coordenadora acredita que a regeneração do preso por meio da educação é o melhor caminho para a construção de uma sociedade mais justa.

“Cada um que conseguiu a certificação tem a oportunidade de dar um passo à frente”, concluiu.

G1