sábado, 19 abril 2025

Bocalom revela conversa com Alckmin e diz: ‘Preservação não pode transformar população em escrava’

Por Aikon Vitor, da Folha do Acre

Em entrevista concedida nesta segunda-feira (14) ao programa Gazeta Entrevista, o prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, voltou a defender uma reavaliação das políticas ambientais para a Amazônia. O discurso ocorre após uma visita a Brasília, onde o gestor se reuniu com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, durante o Encontro Nacional de Prefeitos.

O chefe do Executivo municipal afirmou ter utilizado a ocasião para abordar o tema do desenvolvimento na região amazônica, ressaltando que as populações locais precisam ser incluídas nas decisões sobre o futuro da floresta. “O ser humano tem que estar em primeiro lugar”, argumentou. “Quem mora lá dentro da mata, sem acesso a saúde, transporte, passa dias carregando doente em rede… Isso é justo?”

A reunião com o vice-presidente, segundo o prefeito, foi viabilizada de maneira informal durante o evento nacional, que reúne gestores de todo o país para discutir desafios comuns das administrações municipais. Em sua avaliação, a proteção ambiental precisa ser equilibrada com a realidade social da região. “As populações que vivem na floresta não podem ser ‘escravas da preservação’”, pontuou.

Bocalom também defendeu a exploração de recursos naturais sob critérios de responsabilidade. “Tem petróleo, tem potássio, tem diamante. E por que não podemos explorar, com responsabilidade?”, questionou. Para ele, o contraste entre o potencial econômico da Amazônia e as condições de vida de suas populações exige uma mudança de paradigma. “Nos Estados Unidos, os indígenas vivem com qualidade, e aqui, muitas vezes, morrem de fome sentados sobre riquezas que não podem usar.”

O prefeito também avaliou como positiva a postura recente da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ao tratar do desenvolvimento sustentável. “Fico feliz que agora a Marina está começando a falar em desenvolvimento ambiental pensando no ser humano. Porque até então, diziam que o Bocalom estava errado.”

Durante o programa, o gestor também abordou outro tema discutido no Encontro Nacional de Prefeitos: a segurança pública. Bocalom se posicionou contra a municipalização da responsabilidade sobre o setor, defendendo que a tarefa permaneça com as polícias Civil e Militar. “Não adianta querer empurrar a responsabilidade para os municípios. Segurança pública é dever do Estado”, disse. E completou: “O policial prende o criminoso dez vezes e dez vezes ele é solto. Isso desmotiva quem arrisca a própria vida todos os dias.”

Publicidade