Em poucos dias, as queimadas destruíram mais de 500 hectares de vegetação, incluindo pastagens e florestas, secundárias e primárias, no município de Assis Brasil, cuja sede está distante 340 quilômetros de Rio Branco, na fronteira com o Peru e a Bolívia.
O aumento do número de focos de queimadas no município da tríplice fronteira aconteceu a partir dos primeiros dias do mês de outubro, sendo a maior parte da área atingida pelas chamas localizada no interior da Reserva Extrativista Chico Mendes.
Uma das áreas mais afetadas está localizada no ramal do Recife, região da colocação Maloca, porém existem outros focos de incêndio nos ramais Bom Jardim, km 88, e no ramal 18, na localidade Sol a Sol. Também há registros de focos de queimadas nas colocações Bela Vista e Campo Belo.
Em algumas localidades atingidas pelo fogo, há a ocorrência de morte de animais silvestres, como cobras, jabutis, tatus, cutias, macacos, tamanduás e bichos-preguiça, além de gado ferido pelas chamas, de acordo as informações prestadas pelo sargento Jonatas Albuquerque, coordenador da Defesa Civil Municipal de Assis Brasil.
“Temos uma estimativa de que queimou cerca de 300 hectares na comunidade Maloca, 100 hectares na colocação Bela Vista, 50 hectares na colocação Campo Belo, todas elas na Resex Chico Mendes, e cerca de 80 hectares no ramal Sol a sol”, diz o relatório confeccionado pelo coordenador.
Cerca de 18 homens da brigada do Corpo de Bombeiros, Prevfogo/IBAMA, Secretaria de Meio Ambiente e Defesa Civil Municipal estão em ação no município há mais de seis dias tentando conter o avanço do fogo que na última imagem de satélite, realizada no dia 6 de outubro, já tinha destruído 131 hectares de pastagens.
Com as chuvas que caíram no domingo, 8, e na segunda, 9, a situação foi amenizada, mas a situação continua sob atenção no município. Segundo o sargento Albuquerque, os próximos dias serão de monitoramento para possível continuidade do trabalho de combate ou de desmobilização das equipes.
“Hoje (segunda-feira), estamos sem nenhum foco de incêndio e conseguimos retirar o pessoal para a base, mas como não foi uma chuva torrencial, foi uma precipitação baixa, a gente vai esperar até amanhã ou depois para ver como a situação vai ficar. Se voltar a esquentar, pode ser que os focos reiniciem e comecem novos incêndios”, explicou.
No último domingo, 8, o prefeito Jerry Correia convocou uma reunião de emergência para tratar sobre os incêndios que vêm ocorrendo na região. De acordo com ele, a chuva que caiu amenizou, mas não vai resolver a situação e as equipes precisam ser reforçadas para o trabalho de combate ao fogo.
“A prefeitura vai buscar mais apoio para que sejam controlados no menor tempo possível esses incêndios, e pedimos a colaboração da população para que nos ajude e evite queimadas nesta época de seca, pois temos visto os prejuízos pela Amazônia causados pela seca deste ano”, disse o prefeito.
De acordo com o banco de dados do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Assis Brasil é o 16º município do Acre com mais focos de queimadas em 2023. São 95 registros até esta segunda-feira, 9 de outubro, o que corresponde a 1,7% do total do estado.
No entanto, desse total, 30 focos, o que representa quase um terço das queimadas, foram registrados nos nove primeiros dias de outubro, o que coincide com o cenário que o município vem enfrentando desde o começo de outubro.
O começo de outubro também foi de aumento de focos de queimadas em todo o Acre. Nos nove primeiros dias do mês foram quase 1.000 registros, de acordo com os dados do INPE. No ano, são 5.695 focos, quantidade 45% menor que no ano passado no mesmo período, quando haviam sido registrados 10.353 focos de queimadas.
Os municípios com os maiores registros de focos de queimadas no Acre em 2023 são: Feijó, com 1.172 focos, é um dos 10 primeiros no ranking das queimadas em todo o país. Em seguida vêm: Tarauacá (917); Cruzeiro do Sul (509); Rio Branco (459) e Sena Madureira (448). Os de menores registros são: Senador Guiomard (25) e Plácido de Castro (23).
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