O Estado do Acre pós-pandemia vem passando por uma transformação positiva em seu cenário econômico. Em nossas proporções, o agronegócio já é uma realidade, a cada ano batemos nossas próprias metas de produção de grãos. Hoje já atingimos o patamar de 150 mil toneladas. O setor florestal também vem despontando, seja na produção de madeira manejada ou através do extrativismo da castanha, entre outros, colocando o estado em destaque como referência no assunto.
Os demais setores, como a indústria da transformação, a construção civil, o turismo, o comércio e serviços também vêm se mostrando crescentes, parâmetro que podemos mensurar através dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que mostram o crescimento dos mais de oito mil postos de trabalho gerados nos últimos 12 meses. Independentemente de análise, os números mostram no mínimo que nossa curva está crescente.
Podemos ainda observar a incessante busca por parte do governo do Estado, dos municípios, da classe política, das diversas instituições e do próprio setor produtivo em melhorar nosso ambiente de negócios, o que vem se materializando através de investimentos e ações, entre as quais podemos citar a Ponte do Rio Madeira, o Anel Viário de Brasileia, a melhoria na qualidade de energia, o estímulo ao comércio exterior e integração com países vizinhos, o pacote de incentivos disponíveis para o setor empresarial e a mudança de cultura empreendedora.
Enfim, o estado encontra-se com todas as condições de trilhar grandes rumos nos próximos dez anos. Basta organizar, planejar mais, alinhar e orquestrar cada vez mais a atuação das organizações, de forma a alcançar uma sinergia, e aí os resultados certamente se apresentarão em curva mais acentuada.
Mas muitos ainda serão os desafios que precisaremos superar, como, por exemplo, ampliar a produção com as limitações físicas e ambientais, nossos recursos hídricos, as telecomunicações, o saneamento básico, as estradas vicinais, o desenvolvimento das cidades, a geração de empregos para os milhares de universitários, a agregação de valor aos produtos e serviços, principalmente aproveitando nossa rica biodiversidade.
Assim, para enfrentar os desafios e dar um salto de qualidade, ainda restará uma fronteira que precisaremos atravessar: a da ciência, tecnologia e inovação (CT&I) . Essa sim poderá potencializar nossos resultados.
A ciência, a tecnologia e a inovação são, no cenário mundial contemporâneo, instrumentos fundamentais para o desenvolvimento, o crescimento econômico, a geração de emprego e renda e a democratização de oportunidades.
De acordo com a Unesco, “a ciência é o conjunto de conhecimentos organizados sobre os mecanismos de causalidade dos fatos observáveis, obtidos através do estudo objetivo dos fenômenos empíricos”; enquanto que “a tecnologia é o conjunto de conhecimentos científicos ou empíricos diretamente aplicáveis à produção ou melhoria de bens ou serviços”.
Vejo com muita felicidade a vontade de várias instituições, sejam elas atuantes no campo do ensino, do setor empresarial, dos centros de pesquisa e por parte do governador Gladson Cameli, juntamente com as diversas secretarias e órgãos de governo, de criar um ambiente favorável para o desenvolvimento dessas áreas no estado.
Algumas relevantes iniciativas já estão sendo realizadas, com a expectativa de serem concretizadas ainda neste ano, como a formação de um grupo de trabalho envolvendo as diversas instituições afins, a elaboração do Plano de Ação para a Ciência, Tecnologia e Inovação (Pacti-AC) e o plano para concepção de um parque tecnológico, que carinhosamente estamos denominando “Bairro ou Distrito Tecnológico”.
Com esses importantes documentos, certamente teremos as condições favoráveis para agregar a componente CT&I em nosso processo de desenvolvimento, gerando novas perspectivas principalmente para estudantes e futuros profissionais, permitindo saltar posições do estado no ranking de competitividade.
No Dia Mundial da Ciência e Tecnologia, comemorado em 16 de outubro, podemos dizer que estamos construindo algo positivo para alavancar o tema no estado, e nesse sentido, quero primeiro parabenizar todas as instituições que vêm atuando na área, como a Universidade Federal do Acre (Ufac), o Instituto Federal do Acre (Ifac), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o Fórum Empresarial de Desenvolvimento e Inovação, o Tribunal de Contas do Estado do Acre, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), o governo do Estado, a Associação dos Municípios do Acre (Amac) e as prefeituras, que, entre outras entidades, têm sido nossos pilares da tecnologia e inovação.
Ao mesmo tempo, quero agradecer a todas instituições que estão depositando credibilidade na retomada ao Pacti e o plano para concepção do parque tecnológico.
Com tudo isso, podemos afirmar: estamos no caminho para dar o salto de qualidade que nosso estado merece.
*Assurbanipal Barbary de Mesquita é secretário de Estado de Indústria, Ciência e Tecnologia do Acre