Parlamentares de oposição protestam após prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro e pedem anistia aos condenados do 8 de janeiro, e o impeachment do ministro do STF Alexandre de Moraes

Os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União-AP), cancelaram as sessões previstas para esta terça-feira, 5, após a oposição anunciar obstrução dos trabalhos legislativos. A medida é uma reação à decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou na segunda-feira, 4, a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), investigado por tentativa de golpe de Estado.

No Senado, o protesto ganhou contornos mais simbólicos: parlamentares oposicionistas ocuparam a Mesa Diretora e colaram esparadrapos na boca em sinal de silêncio imposto. Eles prometeram permanecer no local até que Alcolumbre coloque em pauta pedidos de impeachment contra Moraes, além de cobrar a votação de um projeto que prevê anistia a envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro.

Em nota, Alcolumbre classificou a ocupação como um “exercício arbitrário das próprias razões” e pediu serenidade e espírito de cooperação para que “o bom senso prevaleça”. O senador também defendeu o retorno dos trabalhos com respeito, civilidade e diálogo.

Na Câmara, Hugo Motta informou nas redes sociais o encerramento da sessão do dia e a convocação de uma reunião de líderes partidários para discutir os próximos passos. “A pauta da Câmara sempre será definida com base no diálogo e no respeito institucional”, afirmou.

Oposição mantém ocupação e pressiona por “pacote de paz”

Apesar do cancelamento das sessões, a oposição anunciou que continuará ocupando os plenários. O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), afirmou que será feito um revezamento de parlamentares para manter o protesto ativo, com o objetivo de pressionar os presidentes das duas Casas.

Entre as principais reivindicações estão a votação do projeto de anistia para acusados de participação no 8 de janeiro, o fim do foro privilegiado e o acolhimento dos pedidos de impeachment contra Moraes — conjunto de medidas apelidado pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) de “pacote de paz”.

Em entrevista à GloboNews, Flávio criticou a postura de Davi Alcolumbre, dizendo que o presidente do Senado se recusa a atender ligações e ignorou as tentativas de diálogo da oposição. “Enquanto não formos ouvidos, vamos permanecer no plenário. Se for preciso, viraremos a noite aqui”, afirmou.

Segundo ele, mais de 12 senadores participam da ocupação e estão dispostos a manter o movimento por tempo indeterminado.

A mobilização ocorre em meio a uma escalada de tensão entre Congresso e Judiciário, e em um momento delicado para o governo federal, que também enfrenta pressões no cenário internacional, com discussões sobre possíveis sanções comerciais dos Estados Unidos ao Brasil.

Durante evento realizado na tarde desta terça-feira, 5, em Rio Branco, o governador do Acre, Gladson Cameli (PP), anunciou novas ações voltadas à segurança pública e reafirmou o compromisso de sua gestão com o desenvolvimento do estado.

O evento foi realizado na sede do 3º Batalhão do Corpo de Bombeiros, no Conjunto Rui Lino, onde o governo assinou ordens de serviço para a reforma de estruturas estratégicas, como o próprio batalhão dos bombeiros, a quadra de esportes do bairro Ivete Vargas e o 1º Batalhão da Polícia Militar, localizado na Rodovia Transacreana. Além disso, foram entregues seis viaturas blindadas à Polícia Militar do Acre (PMAC), fortalecendo o aparato de segurança do estado.

Em entrevista coletiva, o governador destacou os avanços conquistados por meio de investimentos em infraestrutura e segurança, além de citar a geração de emprego e renda como prioridade da gestão.

“Estamos recuperando prédios públicos, entregando condições dignas de trabalho tanto para o Corpo de Bombeiros quanto para a Polícia Militar, que vêm realizando um excelente trabalho. Tudo isso aproxima o Estado das pessoas”, afirmou Camelí.

Gladson também destacou os investimentos de mais de R$ 3 milhões e voltou a mencionar a frase que o acompanha durante o seu último ano de governo. “Estamos no ano do executar e, hoje, o Governo do Acre traz novos investimentos que totalizam mais de R$ 3 milhões. Isso reforça o compromisso da nossa gestão com a população acreana e com a geração de emprego”.

Durante o evento, o governador também elogiou o desempenho da Secretaria de Obras Públicas, responsável pela execução de diversos projetos no estado. “A secretaria tem cumprido o planejamento apresentado à sociedade e demonstrado que nosso compromisso com a melhoria da estrutura de trabalho está sendo colocado em prática”, afirmou.

O secretário de Obras, Ítalo Lopes, também ressaltou o impacto positivo do Programa Estadual de Geração de Emprego e Renda (FECGE), que prioriza a contratação de pequenas empresas da construção civil para executar obras públicas.

“Esse modelo garante oportunidades reais para pequenos empreendedores, que muitas vezes atuam como terceirizados de grandes empresas. Agora, podem assinar contratos próprios, aumentando sua margem de lucro e promovendo cidadania para quem está na linha de frente do trabalho”, explicou Lopes.

Já o subcomandante da Polícia Militar do Acre, coronel K. Albuquerque, comemorou a chegada das novas viaturas, que, segundo ele, irão reforçar o policiamento tanto na capital quanto no interior.

“As viaturas serão destinadas aos batalhões de área e a unidades no interior. São equipamentos que fortalecem a presença da PM nas comunidades e complementam o trabalho já prestado por nossos excelentes profissionais. Bons equipamentos somados a bons policiais resultam em um serviço de maior qualidade para a população”, afirmou.