Tião Vitor, Ezi Melo e o efêmero status da imprensa nos ambientes de poder
Na noite da última quarta-feira (23), o jornalista Tião Vitor, decano da imprensa acreana, colocou uma corda no pescoço e se matou. Deixou além da incredulidade de todos diante da notícia um nó apertado no peito daqueles que conviviam com o intelectual e inquieto Tião Vitor. Com 15 anos de experiência como editor-chefe do Jornal Página 20, experiência em jornais onlines e tendo trabalhado com governos como de Tião e Jorge Viana, Tião Vitor estava longe do anonimato. Vivia sob os holofotes da notícia, acariciado por poderosos que queriam seus textos em jornais e com redes sociais lotada de ricos e poderosos.
Ricos, poderosos e influentes que o usaram, descartaram-no e não foram capazes de valorizá-lo profissionalmente. Tião Vitor era o tipo de cara que não sabia fazer o jornalismo rasteiro praticado por alguns e, por isso mesmo, viveu os últimos dias em dificuldades financeiras, abalado psicologicamente e sem nada mais do que tapinha nas costas de quem o olhava, mas jamais o via.
Na tarde de quarta-feira, até às 15 horas, ele recorreu a um dos poucos amigos verdadeiros que tinha, o empresário Elson Dantas, dono do Página 20, e saiu de lá acertado que sua volta estava garantida desde já e comandaria a parte online do veículo de informação. Tomou café, deve ter dado um sorriso amarelo para o Elson, pegou seu capacete, pôs debaixo do braço e desceu as escadas pelas quais nunca mais voltaria a subir. Quatro horas depois Tião optou por uma maldita corda para por fim à sua existência. Os dias que antecederam a escolha da corda certamente foram dias de angústia, solidão e falta de oportunidades. Sim, ele estava em uma assessoria, mas estava longe do reconhecimento profissional que merecia e sonhava.
A notícia da morte do Tião me fez reviver as lembranças dolorosas da morte do Ezi Melo que, infelizmente, fez a mesma opção e pautado praticamente pelas mesmas coisas. Uma depressão invisível escamoteada por sorrisos amarelos e ostracismo profissional. Tanto Tião quanto Ezi serviram poderosos, colocaram à disposição deles seus talentos de escribas, foram paparicados por deputados, bajulados por senadores, rodeados por políticos, cercados e assediados por poder. Ezi morreu desempregado, Tião em busca de uma oportunidade justa. A imprensa que é sempre tão criticada em vários ângulos, na maioria das vezes acaba sendo usada, não valorizada e descartada. Para os demais jornalistas resta, diante do luto pelo Tião e do vazio deixado pelo Ezi, a lição de quão efêmero é todo esse jogo de poder onde nos metemos para tentar entender, analisar. Andamos por esse meio, mas não somos de lá. Somos tão descartáveis para estes poderosos quanto o jornal impresso de ontem que embrulha o peixe de hoje.
Somos uma classe de pessoas vaidosas que, em sua maioria, se iludem com ‘ouro de tolo’.
Entre tantos cargos que Ezi Melo desempenhou estava o de assessor do então deputado e hoje governador Gladson Cameli, o deputado Flaviano Melo, entre outros. Tião Vitor era mais ligado ao então senador Jorge Viana, Tião Viana e companhia. Tanto Ezi quanto Tião se viram diante da falta de valorização profissional e oportunidades reais e se agarraram a uma corda. Que Deus nos ajude para que outros colegas tenham melhores destinos.
*Gina Menezes é jornalista, colunista política e sócia-fundadora do Jornal Folha do Acre
Sargento da PM é condenado a 27 anos por matar amante grávida, em Rio Branco
A Justiça acreana condenou o sargento da reserva da Polícia Militar do Acre (PM-AC) José Eronilson Brandão a 27 anos de prisão em regime fechado pela morte de sua amante que estava grávida, a funcionária da Panificadora Bessa, Guiomar Rodrigues, de 34 anos, em dezembro de 2018, em Rio Branco.
Guiomar Rodrigues foi achada morta em uma área de mata no Ramal do Sinteac, em Rio Branco. Brandão foi preso em janeiro do ano passado no bairro Ivete Vargas, na capital acreana. Ele continua preso no Batalhão Ambiental.
Casado, Brandão tinha um caso extraconjugal com Guiomar e teria praticado o crime após saber que ela estava grávida.
Energisa é condenada a indenizar paciente que depende de aparelhos para sobreviver
A 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Acre decidiu, à unanimidade, impor a concessionária de energia elétrica Energisa a obrigação de indenizar uma consumidora, que depende de aparelhos ligados para sobreviver, no valor de R$ 8 mil.
De acordo com os autos, a mulher sofreu danos morais pela imposição de um parcelamento da dívida existente para conseguir realizar a transferência de titularidade.
No processo, a paciente foi representada por sua curadora. Ela explicou que a mulher estava internada desde 2016, pois possui Esclerose Lateral Amitrófica e ia receber alta hospitalar. Porém, tendo em vista a necessidade do retorno para casa requereu o reestabelecimento da energia elétrica apesar da dívida existente no imóvel.
A desembargadora Waldirene Cordeiro, relatora do processo, esclareceu que a obrigação do pagamento da energia utilizada e dos débitos decorrentes não podem ser compulsoriamente transferidos a quem não consumiu o serviço.
“A concessionária não poderia ter negado a transferência da titularidade da unidade consumidora a pretexto da existência de débito pelo morador anterior, assim fazendo, cometeu ato ilícito”, assinalou a relatora.
Além disso, negar um serviço público essencial com o objetivo de forçar o pagamento constitui um método constrangedor de cobrança e aqui representa uma violação da dignidade da paciente.
Desta forma, a decisão estabeleceu a anulação do parcelamento e restituição dos valores pagos para fins de adimplemento da negociação, sendo publicada na edição n° 6.680 do Diário da Justiça Eletrônico (pág. 9).
Meia tonelada de maconha é apreendida em Cruzeiro do Sul pelas forças de segurança
Na manhã desta quinta-feira, 24, uma ação integrada entre as forças de segurança do Estado do Acre acabou na apreensão de mais de meia tonelada de maconha no município de Cruzeiro do Sul.
Segundo informações da polícia, a operação envolveu as polícias Civil, Federal, Companhia de Operações Especiais (COE) da Polícia Militar e o Grupamento Especial de Fronteira (Gefron).
No Acre, Mourão volta a defender garimpo dentro de terras indígenas
Vice-presidente também disse que há exageros nos dados passados pelo Inpe e defendeu a criação de um centro específico para gerenciar os dados.
m visita ao Acre, nesta quarta-feira (23), o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, voltou a defender o garimpo dentro das terras indígenas. Ele disse também que há um exagero na divulgação dos dados de queimadas pelos órgãos e que um foco de calor não significa, necessariamente, um incêndio.
A exploração mineral dentro das terras indígenas é prevista no artigo 231, parágrafo 3 da Constituição Federal, porém, não é regulamentada e só pode ser feita com autorização do Congresso Nacional, que deve assegurar que os indígenas tenham participação nos lucros.
Em fevereiro deste ano, o presidente Jair Bolsonaro encaminhou o PL 191/2020 para a Câmara de Deputados pedindo essa regularização para esse tipo de exploração. Atualmente, o projeto ainda tramita na Câmara.
“A questão da mineração, do garimpo em terras indígenas, a nossa Constituição prevê isso, desde que o Congresso regule. Então, temos que tomar uma decisão a esse respeito. Praticamente todos os governos apresentaram projeto de lei, o nosso apresentou um que entrou no Congresso no começo deste ano. A minha visão e a visão do nosso governo é a visão de muitas pessoas que eu converso. É ouvir a comunidade, o indígena autoriza a lavra? Essa lavra será concedida a uma empresa ou a uma cooperativa de garimpeiros que terá que explorar a lavra?, questionou.
Mourão falou ainda que a legislação ambiental, de forma não predatória, vai gerar um imposto que hoje ninguém paga.
“Vai pagar royalties para comunidade indígena e, a partir daí, terá recursos para melhorar a sua qualidade de vida. Então, é algo que tem que ser discutido dentro do local, é para isso que é o Congresso. E é como eu costumo dizer, tem que ouvir o amazônida, que é onde convergem todos os afluentes que representam a sociedade brasileira”, complementou.
Mourão cumpriu agenda ambiental e visitou o Centro Integrado de Geoprocessamento e Monitoramento Ambiental (Cigma), que monitora e fiscaliza dados relacionados a crimes ambientais. O vice-presidente chegou no fim da tarde de terça (22) e sobrevoou as áreas atingidas pelas queimadas no estado.
“Exagero na divulgação de dados”
Sobre o questionamento em relação aos dados de queimadas apresentados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Mourão disse que há um “certo exagero na divulgação desses dados”.
“Esse é o ponto da questão, a gente tem que lembrar que em qualquer propriedade da Amazônia, de acordo com o nosso Código Florestal, 20% pode ser explorado. Explorar significa que o proprietário pode pedir uma autorização para plantar ou colocar gado, mas, tem que ser naqueles 20%. Temos áreas que não podem por não ser permitido de forma alguma, que são as áreas de terras indígenas. Na Amazônia, como um todo, temos 1.2 bilhão de quilômetros quadrados de unidade de conservação de terras indígenas. Isso dá quatro vezes o tamanho da Alemanha, são essas dimensões que a gente tem que mostrar.”
Ele disse ainda que o governo não compactua e não aceita ilegalidades, mas que precisam ser colocadas dentro da sua verdadeira dimensão.
“Na minha vinda para cá, fiz questão de sobrevoar algumas áreas no estado de Rondônia que são consideradas críticas em termos de queimadas. Uma delas nitidamente é uma área que já está desmatada há muito tempo. A segunda área, que é dentro de uma terra indígena, é uma área de serra, que tem granito. Com o sol mais forte nesse período de seca, o granito esquenta e transmite uma imagem de calor, então, é isso que os satélites captam. Mas, um foco de calor não significa, necessariamente, um incêndio. É essa discussão que nós falamos, nós não brigamos com os dados”, afirmou.
Impasse com o Inpe
Em relação aos dados do Inpe, Mourão disse que o governo não “briga” com o Inpe, mas que os dados divulgados são brutos e precisam ser qualificados para que o governo federal tenha mais informações e possa se contrapor em relação às ilegalidades que estão ocorrendo.
“O que eu chamo de dados qualificados? Se estão ocorrendo em áreas recentemente desmatadas, em terras indígenas, em terras de conservação ou em áreas regeneradas. São essas coisas que competem a um trabalho de inteligência, como é o do Cigma [Centro Integrado de Geoprocessamento e Monitoramento Ambiental] para o governador do Acre”, acrescentou.
‘Correção dos dados’
No último dia 10, Mourão defendeu, em artigo publicado em uma rede social, que os dados de queimadas passem por análise qualitativa que levem a “ajustes e correções” para que “a informação produzida seja a expressão da verdade”.
No dia 15, sem citar nome ou provas, Mourão disse que “alguém” no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que faz “oposição” ao governo do presidente Jair Bolsonaro prioriza a divulgação de dados negativos sobre queimadas. Na quarta-feira (16), afirmou que desconhecia que dados de queimadas são públicos e pede análise qualitativa ao Inpe.
“É importante que os dados sejam transparentes, contudo submetidos a uma análise qualitativa por meio de processo inteligente, levando a ajustes e correções, necessários para o combate às ilegalidades e para que a informação produzida seja a expressão da verdade”, escreveu Mourão.
Queimadas do Acre
O número de focos de queimadas registrado entre 1º de janeiro a 18 de setembro deste ano no Acre cresceu 11%, se comparado ao mesmo período do ano passado.
Conforme dados do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), são 6.315 focos ativos de incêndios notificados até essa sexta (18) no estado, contra 5.652 no mesmo período de 2019.
Se comparado aos últimos anos, esse é o maior número de focos dos últimos quatro anos. Em 2016, foram registrados 6.606 focos ativos no estado no mesmo período.
G1