Na noite deste sábado (2), a Arena de Rodeios da Expoacre 2024 foi palco de um espetáculo eletrizante que fugiu das tradicionais montarias. O espaço, conhecido pelas competições com touros, virou uma verdadeira pista de motocross e reuniu uma multidão empolgada para acompanhar a adrenalina das manobras sobre duas rodas.

Com motos acelerando e saltos impressionantes, o evento marcou mais uma etapa do Campeonato Acriano de Motocross, uma competição estadual que vem ganhando força e espaço em diversas cidades do Acre. Neste ano, pelo segundo ano consecutivo, o torneio foi integrado à programação oficial da Expoacre e levado para o centro da Arena de Rodeios — uma novidade que tem agradado tanto pilotos quanto o público.

“A gente realiza esse campeonato em várias cidades do estado. Desde o ano passado conseguimos trazer ele de volta para a Arena, algo que não acontecia há muitos anos. E agora queremos manter esse evento todo ano nesse espaço”, explica Larissa Portela, primeira secretária da AssCross-Acre, entidade organizadora da competição.

Segundo Larissa, o campeonato possui caráter classificatório e distribui premiações em dinheiro, além de troféus. As disputas contam com a participação de pilotos de várias regiões, incluindo Rondônia, Bolívia, Peru e diversas cidades do Acre.

“São oito categorias no total e o campeonato é dividido em etapas. Ao final da temporada, quem acumular mais pontos é o campeão de sua categoria”, completa Larissa.

Entre os pilotos presentes estava Kledson Augusto, mais conhecido como Keke, integrante do grupo “Os Prima Off Road”. Com três anos de prática no motocross, sendo um ano e meio em competições oficiais, ele destacou o crescimento do esporte no estado e a força das novas equipes.

“No começo, a gente andava de trilha só por diversão, sem saber como funcionava o motocross. Criamos nossa própria equipe e, com o tempo, outras foram aparecendo. Hoje, existe até uma rivalidade saudável entre os grupos”, relata o piloto.

Apesar do entusiasmo, Keke aponta desafios para quem quer seguir no esporte: “Faltam pistas adequadas para treino. No inverno é difícil praticar, então a gente treina mais durante o verão, nos fins de semana, porque a maioria trabalha durante a semana.”

Mesmo com as dificuldades, o piloto está confiante. “A expectativa é trazer o título em algumas categorias. Estamos investindo em preparação e acreditando no nosso potencial”, disse.

Foi com surpresa que a farmacêutica Karoliny Santana descobriu que as sandálias expostas no estande do Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen), são fabricadas por pessoas privadas de liberdade. Ela disse que não fazia ideia que existia um projeto que desse essa oportunidade aos detentos, mas que aprova e admira a iniciativa.

Já o técnico de segurança no trabalho, Rodrigo José, disse que já tinha ouvido falar sobre o projeto, mas que é a primeira vez que viu de perto as sandálias. “Acabei lendo na internet, mas só tive a oportunidade de conhecer nessa noite. Vi que é um trabalho muito bem feito. Acredito que nesse meio há ressocialização e é um produto de qualidade útil, que serve mesmo para alguém que queira utilizar uma sandália. Parabéns mesmo, pois é muito válido para a gente aqui como acreano poder saber que algo assim está sendo feito no meio do Sistema Penitenciário”, finalizou.

Os calçados são fruto do projeto Sandálias da Esperança, que é uma parceria entre o Iapen, Tribunal de Justiça do Acre (TJ/AC) e a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen). “Esse projeto consiste na fabricação de sandálias dentro do ambiente prisional. Hoje esse projeto funciona nas unidades prisionais do Quinari, Rio Branco e no município de Cruzeiro do Sul, gerando uma nova renda para o sistema prisional, bem como qualificando os apenados para a nova fonte de renda na sua vida de egresso do sistema prisional”, explicou Vitor Djanaro, chefe da Divisão de Trabalho, Produção e Renda do Iapen.

Segundo Vitor Djanaro, o produto está apto para ser comercializado. “Quem tiver interesse em adquirir as sandálias pode estar procurando o Iapen para levar para o seu comércio, para o seu supermercado ou então a própria população mesmo. Dessa forma vai estar ajudando tanto o Sistema Prisional para nossas atividades de socialização, bem como valorizando o trabalho desenvolvido por nós do Iapen com nossos reeducandos”.

Membros do Tribunal de Justiça do Acre (TJAC), órgão responsável pela destinação do recurso ao projeto, estiveram presentes no estande. O desembargador Francisco Djalma destacou sobre a importância do projeto. “Nós estamos vivendo um momento de mudança na administração penitenciária. O sistema prisional hoje, liderado pelo Conselho Nacional de Justiça, determina que se crie condições para que o sistema prisional possa funcionar tornando-o mais humano. O preso hoje tem oportunidade, nós temos uma comunidade muito grande de pessoas presas que precisam trabalhar. E a gente está buscando, exatamente através dessa nova política, fazer com que se coloque em prática essas diretrizes para que o preso, ao sair do sistema, tenha condição de ser inserido no mercado de trabalho”, explicou o magistrado.

Com  informações Agência de Notícias do Acre