O que existe em comum entre o Capitão América e Daniel Batista, de 10 anos, é a forma séria com que os dois encaram a vida. O primeiro, mesmo sem padrão de soldado, encarou o desafio de entrar para o Exército e servir ao seu país da melhor maneira possível. O segundo, além de ser fã do primeiro, fez caminho idêntico, não se abatendo diante do impossível, o de vencer um câncer de rim quando todas as probabilidades de superação diziam: – Não!
Aos quatro anos, seus pais descobriram um raro tipo de doença, denominada Tumor de Wilms, muito mais maligno que o Caveira Vermelha, um dos dez inimigos do Capitão América, mas não imbatível para o menino Dani. A doença origina-se no rim. É do tipo de tumor renal mais comum na infância e pode acometer apenas um ou ambos os rins.
Enfrentar as diversas situações na sua jornada de soldado do bem foi o que fez ele, com a ajuda do pai, o servidor público Carlos Vinícius D’anzicourt Batista e a mãe, a enfermeira Deugiane Batista.
Enquanto Steve Rogers, o nome de batismo do Capitão América, se sujeitou a participar de um experimento para a criação de supercombatentes, o pequeno Dani foi para as sessões de quimioterapia. A ideia era ficar forte, não tão rapidamente como prometia o soro especial criado pelo Dr. Josef Reinstein, mas em doses vagarosas de antibióticos antitumorais e outras drogas que fariam do garoto um verdadeiro super herói.
E aí veio o segundo baque a abalar Daniel. Como a Víbora, da história do Capitão América, que retornou de uma explosão – quando tinha sido dada como morta –, para atormentar Steve Rogers, a aplasia de medula óssea, quando acontece a falência do órgão, que deixa de produzir células sanguíneas, era agora o seu principal inimigo.
“Na última quimioterapia, no dia 28 de novembro de 2015, a medula dele simplesmente não retornou mais. O médico falou: – Pai, agora arruinou. A quimioterapia causou a morte da medula”, relembra D’anzicourt Batista.
Quando isso acontece, a medula deixa de produzir as células sanguíneas, em função do mau funcionamento da própria medula óssea. Desse modo, os níveis das células no sangue caem e surgem sintomas como palidez e cansaço causados por anemia e sangramento e infecções graves que colocam a pessoa sob risco de morrer.
Mas foi aí que um milagre aconteceu. Como no filme do super-herói favorito de Dani, uma carta na manga do autor da história, nesse caso o Autor da vida, restabeleceu-lhe a saúde. “Foi um milagre, não tenho dúvidas”, narra a mãe, Deugiane Batista, ainda emocionada ao lembrar da situação.
No dia 28 de dezembro do mesmo ano, portanto, um mês depois da última sessão de quimioterapia e no dia do seu aniversário de cinco anos de idade, Daniel Batista ganhou um presente: o retorno inexplicável da medula óssea.
“Me recordo de ter tido um pressentimento. Coisa de pai mesmo e da fé na cura do meu filho. Pedi para que fosse realizado novo hemograma. Estava sentindo que tinha alguma coisa de diferente. De que iríamos ter uma reviravolta”, conta.
“Fizemos o exame de sangue e viram que a medula estava funcionando de novo, e aí, esse médico que era especialista de medula, chegou a falar: isso só pode ser um milagre”.
O diálogo
– E aí, doutor, quanto que está a medula dele?
– Pai, está produzindo normal.
– O senhor falou que era impossível…
– Se existe milagre, pai, esse daí foi um.
Dani venceu. Hoje está mais saudável do que nunca, para espanto dos médicos que até hoje buscam entender o seu caso. Com o amor da família, surpreendeu a todos, desafiando o impossível e superando limites, inclusive os próprios, como todo super herói que se preze.
Secom