André Kamai (PT) diz que contratos do programa serviram para financiar campanha; prefeitura nega envolvimento
A deflagração da Operação Dilapsio, pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU), provocou reação imediata na Câmara Municipal de Rio Branco. O vereador André Kamai (PT) afirmou nesta quarta-feira (3) que os contratos do programa “Asfalta Rio Branco” foram usados para fins eleitorais e agora aparecem como origem das suspeitas de fraude em licitações que somam R$ 3,3 milhões.
Segundo o parlamentar, o esquema teria beneficiado empresas e agentes públicos em municípios como Plácido de Castro, Senador Guiomard e Assis Brasil, que aderiram à ata de registro de preços da capital. Para Kamai, a operação representa apenas “a ponta do novelo” de um processo que pode revelar desvios maiores.
Em discurso no plenário, o vereador lembrou que denúncias já haviam sido feitas durante a campanha eleitoral. Ele acusou o programa de ter sido usado para promover politicamente o prefeito e financiar a disputa nas urnas. “O Asfalta Rio Branco durou exatamente o período da eleição. Pagamento não faltou, mas a qualidade das obras é incompatível com o custo”, disse.
Kamai também criticou a atual gestão orçamentária, apontando que recursos de áreas sociais estariam sendo deslocados para a infraestrutura, setor que concentra contratos de grande visibilidade. Ele citou como exemplo gastos recentes com decoração natalina e show de drones, contratados pela Secretaria de Infraestrutura. “É nessa secretaria que estão os movimentos estranhos da prefeitura”, declarou.
A Operação Dilapsio cumpre oito mandados de busca e apreensão, além de bloqueios de bens e valores. As investigações começaram em fevereiro e apuram crimes como associação criminosa, lavagem de dinheiro e falsificação de documentos.
Defesa da prefeitura
Em nota oficial, a prefeitura de Rio Branco afirmou que não é alvo da operação. Segundo o comunicado, os contratos investigados envolvem recursos federais, enquanto a ata de registro de preços da capital foi utilizada para obras com verbas próprias. “A prefeitura não está vinculada aos objetos da investigação”, diz o texto.
O Executivo municipal reiterou compromisso com a transparência e informou que os contratos são acompanhados por instâncias de fiscalização. A gestão declarou estar à disposição dos órgãos competentes para prestar esclarecimentos.
O caso expõe a disputa política em torno do programa de asfaltamento, que já havia sido questionado por parlamentares e opositores. A operação da PF e da CGU amplia a pressão sobre a administração municipal, enquanto vereadores prometem acompanhar os desdobramentos.

