quarta-feira, 3 dezembro 2025

Vereador denuncia suposto desvio de recursos do “Asfalta Rio Branco” após operação da PF

Por André Gonzaga, da Folha do Acre

André Kamai (PT) diz que contratos do programa serviram para financiar campanha; prefeitura nega envolvimento

A deflagração da Operação Dilapsio, pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU), provocou reação imediata na Câmara Municipal de Rio Branco. O vereador André Kamai (PT) afirmou nesta quarta-feira (3) que os contratos do programa “Asfalta Rio Branco” foram usados para fins eleitorais e agora aparecem como origem das suspeitas de fraude em licitações que somam R$ 3,3 milhões.

Segundo o parlamentar, o esquema teria beneficiado empresas e agentes públicos em municípios como Plácido de Castro, Senador Guiomard e Assis Brasil, que aderiram à ata de registro de preços da capital. Para Kamai, a operação representa apenas “a ponta do novelo” de um processo que pode revelar desvios maiores.

Em discurso no plenário, o vereador lembrou que denúncias já haviam sido feitas durante a campanha eleitoral. Ele acusou o programa de ter sido usado para promover politicamente o prefeito e financiar a disputa nas urnas. “O Asfalta Rio Branco durou exatamente o período da eleição. Pagamento não faltou, mas a qualidade das obras é incompatível com o custo”, disse.

Kamai também criticou a atual gestão orçamentária, apontando que recursos de áreas sociais estariam sendo deslocados para a infraestrutura, setor que concentra contratos de grande visibilidade. Ele citou como exemplo gastos recentes com decoração natalina e show de drones, contratados pela Secretaria de Infraestrutura. “É nessa secretaria que estão os movimentos estranhos da prefeitura”, declarou.

A Operação Dilapsio cumpre oito mandados de busca e apreensão, além de bloqueios de bens e valores. As investigações começaram em fevereiro e apuram crimes como associação criminosa, lavagem de dinheiro e falsificação de documentos.

Defesa da prefeitura

Em nota oficial, a prefeitura de Rio Branco afirmou que não é alvo da operação. Segundo o comunicado, os contratos investigados envolvem recursos federais, enquanto a ata de registro de preços da capital foi utilizada para obras com verbas próprias. “A prefeitura não está vinculada aos objetos da investigação”, diz o texto.

O Executivo municipal reiterou compromisso com a transparência e informou que os contratos são acompanhados por instâncias de fiscalização. A gestão declarou estar à disposição dos órgãos competentes para prestar esclarecimentos.

O caso expõe a disputa política em torno do programa de asfaltamento, que já havia sido questionado por parlamentares e opositores. A operação da PF e da CGU amplia a pressão sobre a administração municipal, enquanto vereadores prometem acompanhar os desdobramentos.

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