quarta-feira, 3 dezembro 2025

Vereador aliado denuncia Bocalom por suposto golpe: ‘Fui enganado pela prefeitura’

Por André Gonzaga, da Folha do Acre

João Paulo Silva diz ter sido silenciado e chama de vergonha a apropriação de sua ideia pelo Executivo

“Passaram manteiga na nossa venta”. Foi com essa frase que o vereador João Paulo Silva (Podemos) abriu seu discurso no plenário da Câmara de Rio Branco nesta quarta-feira (3/12). Em tom exaltado, o integrante da base aliada de Tião Bocalom (PL) acusou a Prefeitura de Rio Branco de ter se apropriado de uma ideia apresentada por ele na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e transformado em política própria, sem qualquer reconhecimento ao Legislativo.

O parlamentar explicou que sua emenda previa a inclusão de intérpretes de Libras nas unidades de saúde do município, medida construída após ouvir representantes da comunidade surda e entidades ligadas à pessoa com deficiência. A proposta, segundo ele, foi rejeitada sob o argumento de que não cabia na LDO. “Eu fui enganado pela prefeitura de Rio Branco”, afirmou o presidente da Comissão de Saúde e Assistência Social.

Na manhã desta quarta, o vereador viu no jornal a mesma iniciativa anunciada como ação do Executivo. “Pegam a ideia do vereador, jogam para dentro da prefeitura e dão uma canelada, igual o jogador do Flamengo fez com o Palmeiras”, ironizou, recorrendo à metáfora do futebol para ilustrar sua frustração.

O representante da base disse ainda ter sido silenciado no processo. “Taparam a minha voz. Eu não vim para cá para ficar amordaçado, não”, declarou. Para ele, a postura de Bocalom representa “uma vergonha” e expõe a falta de diálogo com a Câmara.

O político alertou para os riscos na próxima votação da LOA (Lei Orçamentária Anual), levantando suspeitas de que o Executivo pode novamente atropelar decisões da base aliada. “Se nós não ficarmos atentos, vão passar manteiga na nossa venta de novo”, advertiu.

A crítica ganha peso por vir de um aliado do prefeito, o que revela fissuras na relação e reforça a tensão em torno da condução das políticas públicas na capital. O parlamentar concluiu: “Quem tem voz tem parlamento. Nós estamos aqui para ser a voz das pessoas. O que aconteceu é feio para a prefeitura e feio para sua articulação. Indignado estou”, concluiu.

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