O protesto realizado nesta terça-feira (16/12), contra a privatização do mercado Elias Mansour em Rio Branco (AC), revelou o profundo descontentamento de trabalhadores com a condução da administração do prefeito Tião Bocalom (PL). Mais do que a rejeição a um projeto de lei, a medida representa não apenas a perda de espaço, mas também a continuidade de uma política que, segundo eles, privilegia interesses privados em detrimento da sobrevivência de quem depende do comércio popular.
Durante o ato, lideranças comunitárias e permissionários bloquearam o acesso ao Terminal Urbano e interromperam o tráfego nas avenidas Ceará e Brasil. A mobilização foi marcada por críticas diretas ao Executivo municipal e pela exigência de diálogo presencial com o prefeito, sem intermediários.
Entre as vozes mais contundentes esteve a de Jimy Juruna, ex-vereador e presidente do Sindicato de Camelôs e Feirantes. Ele lembrou que experiências anteriores de privatização, como a do Aquiry Shopping e da Energisa, deixaram marcas negativas. “Antigamente pagávamos R$ 57 ou R$ 60. Hoje, no Aquiry Shopping, o valor mínimo é R$ 158 e pode chegar a R$ 800. Quem não consegue pagar perde o boxe. Pessoas que trabalham há 30, 40, 50 anos estão sendo lesadas. O sonho virou pesadelo”, disse.

A fala de Juruna sintetiza o temor dos trabalhadores. A privatização, longe de trazer eficiência, tem significado aumento de custos e insegurança. Para eles, a promessa de modernização esconde uma realidade de exclusão, em que pequenos comerciantes são empurrados para fora do espaço público.
O projeto de lei que autoriza a privatização foi aprovado em sessão extraordinária da Câmara Municipal, na madrugada da última sexta-feira (12/12). A articulação do Executivo, feita sem amplo debate com a sociedade, gerou reação imediata. Vereadores da oposição e lideranças comunitárias acusam a prefeitura de impor uma decisão que ameaça a sobrevivência de centenas de famílias.
A insatisfação não se limita ao mercado Elias Mansour. Os trabalhadores apontam que a gestão Bocalom repete um padrão de abandono, com transporte coletivo precário, falta de infraestrutura e políticas que favorecem grandes empresas em detrimento da economia popular. O bloqueio das vias, ainda que pacífico, foi a forma encontrada para chamar atenção para um problema que, segundo eles, vem sendo ignorado.
Até o momento, a prefeitura não se pronunciou oficialmente sobre o protesto nem sobre a possibilidade de diálogo direto com os manifestantes. O silêncio reforça a percepção de distanciamento entre o poder público e a população que depende do mercado para sobreviver.
