terça-feira, 16 dezembro 2025

Sindicalista critica privatização do Mercado Elias Mansour e alerta para aumento dos custos e exclusão social

Por André Gonzaga, da Folha do Acre

O protesto realizado nesta terça-feira (16/12), contra a privatização do mercado Elias Mansour em Rio Branco (AC), revelou o profundo descontentamento de trabalhadores com a condução da administração do prefeito Tião Bocalom (PL). Mais do que a rejeição a um projeto de lei, a medida representa não apenas a perda de espaço, mas também a continuidade de uma política que, segundo eles, privilegia interesses privados em detrimento da sobrevivência de quem depende do comércio popular.

Durante o ato, lideranças comunitárias e permissionários bloquearam o acesso ao Terminal Urbano e interromperam o tráfego nas avenidas Ceará e Brasil. A mobilização foi marcada por críticas diretas ao Executivo municipal e pela exigência de diálogo presencial com o prefeito, sem intermediários.

Entre as vozes mais contundentes esteve a de Jimy Juruna, ex-vereador e presidente do Sindicato de Camelôs e Feirantes. Ele lembrou que experiências anteriores de privatização, como a do Aquiry Shopping e da Energisa, deixaram marcas negativas. “Antigamente pagávamos R$ 57 ou R$ 60. Hoje, no Aquiry Shopping, o valor mínimo é R$ 158 e pode chegar a R$ 800. Quem não consegue pagar perde o boxe. Pessoas que trabalham há 30, 40, 50 anos estão sendo lesadas. O sonho virou pesadelo”, disse.

Feirantes protestam no centro de Rio Branco/Foto: Assesoria André Kamai

A fala de Juruna sintetiza o temor dos trabalhadores. A privatização, longe de trazer eficiência, tem significado aumento de custos e insegurança. Para eles, a promessa de modernização esconde uma realidade de exclusão, em que pequenos comerciantes são empurrados para fora do espaço público.

O projeto de lei que autoriza a privatização foi aprovado em sessão extraordinária da Câmara Municipal, na madrugada da última sexta-feira (12/12). A articulação do Executivo, feita sem amplo debate com a sociedade, gerou reação imediata. Vereadores da oposição e lideranças comunitárias acusam a prefeitura de impor uma decisão que ameaça a sobrevivência de centenas de famílias.

A insatisfação não se limita ao mercado Elias Mansour. Os trabalhadores apontam que a gestão Bocalom repete um padrão de abandono, com transporte coletivo precário, falta de infraestrutura e políticas que favorecem grandes empresas em detrimento da economia popular. O bloqueio das vias, ainda que pacífico, foi a forma encontrada para chamar atenção para um problema que, segundo eles, vem sendo ignorado.

Até o momento, a prefeitura não se pronunciou oficialmente sobre o protesto nem sobre a possibilidade de diálogo direto com os manifestantes. O silêncio reforça a percepção de distanciamento entre o poder público e a população que depende do mercado para sobreviver.

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