Um vídeo divulgado nas redes sociais nesta sexta-feira (12) mostra dois secretários da gestão do prefeito Tião Bocalom comemorando, ainda de madrugada, a aprovação de um conjunto de projetos enviados pelo Executivo à Câmara Municipal de Rio Branco. As propostas chamadas por vereadores da oposição de “Pacote da Maldade” foram votadas e aprovadas durante a madrugada, após articulação direta do governo municipal.
Nas imagens, aparecem o secretário da Casa Civil, Valtim José, e o secretário de Saúde e de Articulação Institucional, Rennan Biths, celebrando o resultado da sessão que garantiu vitória integral ao prefeito.
Entre as propostas aprovadas está a privatização dos mercados Elias Mansour e São Francisco, dois dos principais centros de comércio popular da capital. Ambos passaram por reformas recentes com recursos públicos, o que gerou críticas de vereadores e de comerciantes. Eles argumentam que a transferência das estruturas para a iniciativa privada ocorre logo após investimentos significativos com dinheiro público.
Outra medida aprovada e considerada polêmica por parlamentares da oposição foi o corte total do orçamento destinado ao Conselho Municipal de Saúde. O órgão, que antes recebia 0,3% do orçamento da Saúde, agora não terá mais recursos garantidos. Conselheiros e vereadores afirmam que a decisão compromete o funcionamento e a autonomia do controle social no município.
Também foram rejeitadas emendas apresentadas por vereadores ao orçamento municipal. Uma delas destinava R$ 1 milhão ao Fundo Municipal de Cultura, mas a base do governo manteve o valor original: R$ 100 mil, considerado insuficiente por representantes do setor cultural.
Outra emenda previa R$ 1 milhão para políticas de atenção às mulheres, incluindo ações de proteção a vítimas de violência. A proposta também foi derrubada, mantendo-se o valor de R$ 3 mil para a área, montante criticado por movimentos de mulheres e parlamentares, que classificaram a quantia como simbólica e incapaz de sustentar qualquer política pública efetiva.
As decisões aprovadas na madrugada devem intensificar o debate político na capital nos próximos dias, especialmente entre comerciantes, entidades de controle social e grupos culturais, que questionam as prioridades da gestão municipal.
