domingo, 14 dezembro 2025

Secretários de Bocalom comemoram aprovação do “Pacote da Maldade” durante madrugada na Câmara de Rio Branco

Por Gina Menezes, da Folha do Acre

Um vídeo divulgado nas redes sociais nesta sexta-feira (12) mostra dois secretários da gestão do prefeito Tião Bocalom comemorando, ainda de madrugada, a aprovação de um conjunto de projetos enviados pelo Executivo à Câmara Municipal de Rio Branco. As propostas chamadas por vereadores da oposição de “Pacote da Maldade” foram votadas e aprovadas durante a madrugada, após articulação direta do governo municipal.

Nas imagens, aparecem o secretário da Casa Civil, Valtim José, e o secretário de Saúde e de Articulação Institucional, Rennan Biths, celebrando o resultado da sessão que garantiu vitória integral ao prefeito.

Entre as propostas aprovadas está a privatização dos mercados Elias Mansour e São Francisco, dois dos principais centros de comércio popular da capital. Ambos passaram por reformas recentes com recursos públicos, o que gerou críticas de vereadores e de comerciantes. Eles argumentam que a transferência das estruturas para a iniciativa privada ocorre logo após investimentos significativos com dinheiro público.

Outra medida aprovada e considerada polêmica por parlamentares da oposição foi o corte total do orçamento destinado ao Conselho Municipal de Saúde. O órgão, que antes recebia 0,3% do orçamento da Saúde, agora não terá mais recursos garantidos. Conselheiros e vereadores afirmam que a decisão compromete o funcionamento e a autonomia do controle social no município.

Também foram rejeitadas emendas apresentadas por vereadores ao orçamento municipal. Uma delas destinava R$ 1 milhão ao Fundo Municipal de Cultura, mas a base do governo manteve o valor original: R$ 100 mil, considerado insuficiente por representantes do setor cultural.

Outra emenda previa R$ 1 milhão para políticas de atenção às mulheres, incluindo ações de proteção a vítimas de violência. A proposta também foi derrubada, mantendo-se o valor de R$ 3 mil para a área, montante criticado por movimentos de mulheres e parlamentares, que classificaram a quantia como simbólica e incapaz de sustentar qualquer política pública efetiva.

As decisões aprovadas na madrugada devem intensificar o debate político na capital nos próximos dias, especialmente entre comerciantes, entidades de controle social e grupos culturais, que questionam as prioridades da gestão municipal.

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