Segundo meteorologista e professor da Ufac, sistema de grande escala se deslocou de forma incomum para o oeste do país e provocou tempestades que contribuíram para a cheia repentina do Rio Acre.
Rio Branco vive, em pleno mês de dezembro, um cenário que não se repetia há 50 anos para a época: alagações provocadas por fortes chuvas registradas na última semana que fizeram igarapés urbanos e o Rio Acre transbordarem no sábado (27). A situação atípica envolvendo o principal manancial do estado já atinge mais de 20 mil pessoas.
Alagação é um termo usado no estado acreano para se referir ao transbordamento de rios que, consequentemente, atingem residências e inundam vias urbanas, bem como comunidades rurais.
O doutor em Meteorologia e professor da Universidade Federal do Acre (Ufac), Rafael Coll Delgado, explicou que o episódio é considerado atípico do ponto de vista climático, mas explicável do ponto de vista meteorológico, já que foi causado pela atuação de um sistema atmosférico raro na região.
O principal fator por trás das chuvas extremas foi a atuação de um Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN), um sistema atmosférico mais comum no Nordeste, mas que se deslocou de forma incomum para o oeste do país.
“Nesse caso de Rio Branco, ele se posicionou como uma alta pressão em torno de 10 quilômetros de altitude e começou a se deslocar para o interior do continente, atingindo a região oeste do Brasil”, detalhou.
De acordo com o especialista, os alertas de tempestade já vinham sendo emitidos para a Região Norte. Inclusive, os modelos meteorológicos já indicavam, entre os dias 24 e 25 de dezembro, o deslocamento desse sistema em direção ao Acre.
O VCAN, que tem grandes dimensões, favoreceu a formação de tempestades severas na região.
“Não é um vórtice pequeno. A dimensão dele é realmente muito grande, atingiu a Bolívia, a faixa de Goiás e, na sequência, avançou em direção ao estado do Acre. Isso já vinha sendo observado nos modelos meteorológicos”, afirmou.
Informações G1

