segunda-feira, 1 dezembro 2025

Padre diz que enviou carta ao bispo dom Joaquim pedindo permissão para entrar na política: “Estaremos juntos nessa missão”

Por Mirlany Silva, da Folha do Acre

Durante entrevista concedida nesta segunda-feira, 1º, ao programa Gazeta Entrevista, da TV Gazeta, o padre Antônio Menezes da Silva detalhou os motivos que o levaram a pedir afastamento de suas funções na Diocese de Rio Branco e ingressar oficialmente na vida política. A decisão foi comunicada no sábado, 29, pelo bispo dom Joaquín Pertíñez, ocorrendo um dia após o religioso formalizar sua filiação ao Partido dos Trabalhadores (PT), em um ato realizado na sexta-feira, 28, em Xapuri, berço histórico do movimento dos trabalhadores e terra de Chico Mendes.

O evento de filiação contou com a presença de lideranças da sigla em nível nacional e estadual, entre elas o presidente nacional do PT, Edinho Silva; o presidente da Apex-Brasil, ex-governador Jorge Viana; o presidente estadual do partido, vereador André Kamai; e o ambientalista Raimundo Mendes.

Ao ser questionado sobre o processo que o levou à política, padre Antônio afirmou que a decisão foi amadurecida ao longo de sua trajetória pastoral e social. Segundo ele, antes mesmo de se filiar, enviou uma carta ao bispo dom Joaquim solicitando permissão para ingressar na vida política. O pedido foi levado ao Conselho Presbiteral e, conforme relatou, recebeu apoio dos padres.

“Disseram: ‘O Antônio quer ser político, então deixe ele ir, e nós estaremos juntos nessa missão. Vamos estar rezando por ele’”, contou o padre Antônio.

Filho de seringueiro e agricultora, o padre destacou que sua experiência junto às comunidades rurais e urbanas foi determinante. “Eu amo ser padre, vou continuar sendo padre, mas não posso virar as costas para as situações sociais. Quando você está comprometido com a causa social e também com as situações políticas, isso transforma vidas. A política é um meio de transformação”, afirmou.

Ao recordar suas passagens por paróquias de Rio Branco e pelo município de Xapuri, onde serviu por quatro anos, o pré-candidato disse que o contato direto com a população reforçou seu chamado para a vida pública. Ele afirmou que, desde a infância, já carregava três vocações: “ser padre, professor e político”.

Antônio contou ainda que já disputou uma eleição, em Xapuri, quando foi candidato a vice-prefeito pelo PSB, em aliança com o PT. A chapa acabou derrotada por 152 votos após falhas na homologação de candidaturas proporcionais.

“Porque nós não homologamos a candidatura dos nossos vereadores. E nós perdemos por 152 votos. Perdemos a eleição para nós mesmos. Sem candidato a vereador. Mas é um aprendizado”, relembrou.

Sobre críticas ao PT e ao peso político do partido no Acre, o sacerdote defendeu a trajetória histórica da sigla no estado e citou o ex-governador Jorge Viana como inspiração. “Muita gente critica sem estudar a história. O PT teve um papel fundamental na transformação do Acre. Sou filho de trabalhadores, e o Acre é um estado trabalhador. Eu tinha que escolher o partido dos trabalhadores”, justificou.

Padre Antônio afirmou que pretende somar às lideranças já existentes no partido e contribuir com a reconstrução das bases políticas, especialmente no interior. “Eu sei que sou pequeno ainda, estou crescendo, mas quero ajudar. O Acre é para quem ama, e quero ver este estado sendo cuidado com carinho”, declarou.

Publicidade