O Ministério Público do Estado do Acre (MPAC) divulgou nota pública na manhã desta terça-feira, 23, manifestando cautela em relação à hipótese inicialmente noticiada na imprensa acreana de que o homicídio do colunista social Moisés Alencastro teria ocorrido em decorrência de latrocínio. Segundo o órgão, as circunstâncias do crime, conforme descritas nas próprias reportagens, não indicariam, em uma análise preliminar, a dinâmica típica de um delito patrimonial.
Na nota, o MPAC destaca que as lesões constatadas na vítima, entre elas múltiplas perfurações por arma branca e indícios de tentativa de degolamento, revelam um grau de violência exacerbada, considerado incompatível com a finalidade exclusiva de subtração de bens. Para a instituição, o padrão da agressão sugere desprezo pela condição da vítima e se aproxima de crimes praticados por motivação de ódio, incluindo a possibilidade de homofobia.
O Ministério Público também ressaltou a trajetória profissional de Moisés Alencastro, que atuava como servidor público no próprio MPAC, no Centro de Atendimento à Vítima (CAV), onde desenvolvia trabalho voltado à defesa da dignidade humana e ao enfrentamento de diferentes formas de violência. Para o órgão, a morte do servidor não pode ser tratada como um episódio comum de violência urbana, pois evidencia uma realidade social ainda marcada por preconceito, discriminação e intolerância.
No posicionamento, o MP defende que os fatos sejam rigorosamente apurados, com a correta definição jurídica do crime e a responsabilização penal proporcional à gravidade da conduta, a fim de evitar a impunidade. A instituição afirmou ainda confiar no trabalho da Polícia Civil do Acre, destacando os esforços empreendidos desde o início das investigações para dar uma resposta célere à sociedade.
A nota também faz menção ao trabalho do delegado Alcino Ferreira Júnior, coordenador da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), elogiando a condução diligente e técnica das apurações.
A nota é assinada pela procuradora de Justiça Patrícia de Amorim Rêgo, coordenadora-geral do CAV, e pelo promotor de Justiça de Direitos Humanos Thalles Ferreira Costa, coordenador-adjunto do centro.

