O presidente do Serviço de Água e Esgoto de Rio Branco (SAERB), Enoque Pereira, negou em entrevista à um portal de notícias local, nesta quarta-feira (10), que tenha recebido de forma emergencial um transformador emprestado por um empresário de Rondônia para evitar o colapso no sistema de abastecimento de água da capital. A informação, no entanto, é contradita por documentos assinados por servidores do próprio Saerb, além de imagens do equipamento sendo transportado em veículo oficial do município. Novas imagens obtidas pela imprensa mostram a realidade e a tentativa deliberativa de manipulação dos fatos.
A negativa pública, classificada por especialistas como desinformação institucional, ocorre no momento em que a cidade enfrenta instabilidade no fornecimento de água após pane no transformador da Estação de Tratamento de Água 2 (ETA II), danificado durante operação interna da autarquia.

Documentos oficiais comprovam retirada e transporte do equipamento
Apesar da acusação de “fake news” dirigida à imprensa, o Saerb produziu e assinou um termo de retirada e transporte registrando a operação. O documento inclui a autorização expressa do proprietário da empresa MSM Industrial Ltda. (RO), identificação técnica do transformador (1000 kVA), nomes, CPFs, assinaturas dos servidores responsáveis, data da retirada (9 de dezembro) e descrição da viagem interestadual até Rondônia.
A reportagem também obteve a CNH do motorista que conduziu o caminhão, confirmando a operação logística mencionada no termo.
Imagem do caminhão reforça a contradição
Uma fotografia mostra o caminhão oficial da Prefeitura de Rio Branco carregando o transformador. O equipamento, o layout visual do veículo e as placas operacionais coincidem com a documentação obtida.

A imagem desmonta a narrativa divulgada pelo Saerb, que insistiu que nenhum equipamento havia sido emprestado.
Mesmo após a circulação de documentos e fotos, o Saerb reiterou que a imprensa teria divulgado informações falsas.
A discrepância entre o discurso oficial e os fatos registrados levanta suspeitas de tentativa de manipulação da narrativa pública em meio à crise de abastecimento.
Especialistas alertam que a divulgação deliberada de informações falsas por órgãos públicos configura violação ao princípio da publicidade e compromete a transparência administrativa.
Crise de água ganha componente político
O episódio amplia o desgaste da gestão municipal, que enfrenta críticas pela instabilidade no fornecimento de água e pela falta de comunicação clara com a população. A dependência de equipamento emprestado para evitar um colapso e a posterior negação do fato colocam em xeque a credibilidade institucional da prefeitura.
A Prefeitura de Rio Branco não respondeu aos questionamentos enviados até o fechamento desta edição.
