Vereadores denunciam descaso e cobram que abastecimento seja prioridade no orçamento municipal
Enquanto a prefeitura de Rio Branco destina milhões de reais para festas e decoração natalina, bairros inteiros convivem sem água nas torneiras. A crise, reconhecida oficialmente em decretos emergenciais assinados pelo prefeito Tião Bocalom (PL) ao longo de 2025, expõe a fragilidade da infraestrutura e a falta de prioridade no abastecimento.
Na Câmara Municipal, Zé Lopes (Republicanos) resumiu nesta quarta-feira (3/12) o drama vivido pela população, após relatar uma das várias denúncias que recebe: “As pessoas estão pagando R$ 150 para encher uma caixa de mil litros que não dura uma semana.” Ele citou ainda comunidades como Panorama e Sobral, onde até o caminhão-pipa deixou de atender. Para o vereador, o contraste é evidente: “Enquanto gastam milhões em shows e enfeites, famílias vivem sem o básico.”
A crítica ganhou reforço de André Kamai (PT), que conseguiu aprovar requerimento suspendendo os cortes feitos pelo Serviço de Água e Esgoto de Rio Branco (Saerb). “Hoje a gente conseguiu garantir que ninguém tenha o fornecimento interrompido até o fim do ano”, disse. O pedido vale até 31 de dezembro, prazo do Refis, e pode ser ampliado por mais 90 dias caso a prefeitura aceite proposta de prorrogação.
Os sucessivos decretos emergenciais declarados pelo Executivo municipal deixam evidente que a crise hídrica é estrutural e não se limita à estiagem. Em agosto, Bocalom reconheceu oficialmente a situação provocada pela seca severa, que reduziu o nível do rio Acre e comprometeu a captação.
Além disso, os rompimentos de adutoras registrados ano após ano revelam a fragilidade da rede. Entre o fim de novembro e início de dezembro, bairros como Cadeia Velha e Habitasa ficaram sem água após mais um episódio semelhante, reforçando que o colapso se repete durante a atual gestão.
O debate na Câmara ocorre às vésperas da votação do Plano Plurianual (PPA) e da Lei Orçamentária Anual (LOA), que definirão as prioridades da cidade. “A prefeitura precisa decidir se vai investir em festa ou em levar água para casa das pessoas”, cobrou Zé Lopes.
