Às vésperas do Natal, cerca de 200 profissionais aprovados em processo seletivo da Prefeitura de Brasiléia, no interior do Acre, foram surpreendidos por uma demissão em massa. A decisão provocou indignação entre servidores da Educação, gerou revolta nas redes sociais e levantou acusações graves de má gestão administrativa.
Entre as manifestações mais contundentes está a da professora Bya Souza, que classificou a medida como “cruel, irresponsável e desumana”, especialmente pelo impacto direto sobre famílias que dependiam exclusivamente do vínculo para garantir o sustento.
Segundo a professora, a gestão municipal do prefeito Carlinhos do Pelado já tinha conhecimento prévio da situação financeira que levaria às demissões, mas optou por silenciar, impedindo qualquer planejamento por parte dos trabalhadores.
“Se isso fosse uma doença em estado terminal, vocês não teriam descoberto de uma hora para outra. Sabiam há muito tempo. Tinham o dever de nos avisar para que pudéssemos nos preparar financeiramente”, afirmou.
Bya Souza questiona a narrativa oficial de surpresa e aponta falhas graves de planejamento por parte da administração municipal.
“Ou vocês estão mentindo para a população, ou estão admitindo incompetência administrativa. Porque uma gestão responsável conhece os riscos econômicos do município e se antecipa a eles”, declarou.
A professora destaca que a maioria dos profissionais desligados são pais e mães de família, muitos com esse contrato como única fonte de renda.
“Estamos falando do sustento de famílias inteiras. Pessoas que trabalharam o ano inteiro, cumpriram suas funções e agora recebem como ‘presente de Natal’ o desemprego”, lamentou.
Ela também denunciou o tratamento recebido pelos servidores ao longo do ano, relatando episódios de pressão e constrangimento no ambiente de trabalho.
“Trabalhamos sob pressão constante. Muitas vezes fomos humilhados durante fiscalizações da Secretaria de Educação. E essa é a recompensa que recebemos”, disse.
Para Bya Souza, a decisão da prefeitura revela descaso com o servidor público e transforma trabalhadores em números descartáveis dentro da gestão.
“A prefeitura está brincando com a vida das pessoas. Agora, o que nos resta é ir para casa chorar, enquanto vocês organizam um novo processo seletivo para o próximo ano e repetem tudo de novo”, criticou.
Ao final do desabafo, a professora pediu intervenção política e administrativa urgente, alertando para os danos sociais e humanos causados pela decisão.
A reportagem da Folha do Acre entrou em contato com o prefeito Carlinhos, com o secretário de Comunicação de Brasiléia, Chiquinho Chaves, mas nenhuma nota foi enviada explicando o assunto.
O secretário Chiquinho limitou-se a passar o contato do procurador jurídico. O procurador informou à reportagem da Folha do Acre que irá enviar uma nota de esclarecimento sobre o assunto nas próximas horas. O espaço segue aberto também para os devidos esclarecimento do prefeito Carlinhos do Pelado.
