terça-feira, 2 dezembro 2025

Brasil mira padrões internacionais e deixará de ter uma das CNHs mais caras com fim da obrigatoriedade de autoescola

Por Kauã Lucca, da Folha do Acre

Um estudo realizado pelo Centro de Liderança Pública (CLP) revelou que a proposta do governo federal para 2025, que elimina a obrigatoriedade de frequentar autoescolas para obter a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) nas categorias A e B, pode colocar o Brasil em linha com modelos adotados na Europa e nos Estados Unidos.

De acordo com o levantamento, atualmente o Brasil está entre os países mais caros do mundo para emitir a primeira CNH, com custo médio de R$ 3.200 — valor que representa 7,8% do salário médio anual brasileiro. Em comparação, países como França, Irlanda, Itália e Portugal apresentam proporções significativamente menores, variando de 1,7% a 2,9% dos salários médios.

Fim da obrigatoriedade de autoescolas pode reduzir custos em até 80%

A proposta do governo permite que futuros condutores optem por estudo autônomo ou contratem instrutores independentes credenciados, embora também possam seguir pelo modelo tradicional de autoescolas. Segundo o CLP, cerca de 70% do custo atual da habilitação no Brasil decorre de exigências estruturais das autoescolas.

Com a flexibilização, a primeira habilitação pode ficar até 80% mais barata, reduzindo o valor médio de R$ 3.200 para aproximadamente R$ 700. A mudança tem potencial para beneficiar até 20 milhões de brasileiros que hoje não conseguem obter a CNH por dificuldades financeiras.

A análise também aponta que a redução no custo da carteira de motorista não terá impacto apenas individual. A flexibilização pode abrir portas para que milhões de motoristas que hoje dirigem sem habilitação formalizem sua situação, ampliando o acesso ao mercado de trabalho e movimentando diversos setores econômicos.

O novo modelo também descentraliza a formação de condutores, criando oportunidades de renda para instrutores autônomos credenciados e modernizando o mercado de ensino para motoristas.

Provas seguem obrigatórias, com foco na qualidade da formação

Apesar da desobrigação das autoescolas, as provas teórica e prática seguem mantidas. O foco passa a ser a qualidade da avaliação final, semelhante ao que ocorre em países como Estados Unidos e Reino Unido. Para o CLP, caso a implementação seja eficiente, o Brasil tende a se alinhar a padrões internacionais de acessibilidade, segurança e mobilidade.

O levantamento mostra que países desenvolvidos possuem estruturas mais flexíveis e custos proporcionais menores para emissão da CNH. Na Suécia, por exemplo, o licenciamento mínimo custa cerca de 15 mil coroas suecas, o equivalente a 3,6% do salário anual. Já nos Estados Unidos, o custo relativo pode chegar a apenas 0,3%.

A proposta brasileira, segundo o CLP, abre caminho para superar uma barreira histórica no acesso à CNH e pode representar um salto significativo de modernização no setor.

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