O senador Márcio Bittar (PL) declarou que votará contra a indicação de Jorge Messias, atual advogado-geral da União (AGU), para o Supremo Tribunal Federal (STF). As declarações foram feitas nesta terça-feira, 2, após debate em que o parlamentar rebateu um “jornalista” que, segundo ele, tentou defender a escolha feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Bittar afirmou que “a chance de votar no Messias é zero”, alegando que o indicado não reúne condições para ocupar uma cadeira na Suprema Corte. O senador citou episódios envolvendo Messias durante os governos Dilma Rousseff e Lula, classificando o AGU como “um militante político” e “soldado do partido”.
Segundo o parlamentar, Messias teria atuado para “blindar Lula” em investigações no passado e desconsiderado recomendações técnicas no episódio envolvendo a CONTAG, citado na CPMI.
“Isso é notório saber jurídico? Não, isso é notório saber de um militante político. O Messias é um soldado do partido e nós estamos vendo já o que aconteceu com o Supremo Tribunal”, declarou Bittar.
Márcio Bittar ainda afirmou que o atual cenário institucional do país demonstra distorções. “Nós temos um homem que nunca roubou uma caneta BIC, está preso e a pessoa que foi processada e condenada por corrupção está na presidência da República do Brasil”, afirmou.
Paralelamente às declarações de Bittar, informações reveladas pelo Blog do Gustavo Uribe, da CNN Brasil, mostram que o governo Lula trabalha intensamente para garantir votos suficientes para aprovar Messias no plenário do Senado Federal.
De acordo com o colunista, Lula aposta em possíveis traições na direita para assegurar a aprovação. O presidente teria sido informado de que Messias recebeu sinalizações positivas de setores conservadores e que uma articulação do ministro André Mendonça — indicado por Jair Bolsonaro ao STF — poderia influenciar parlamentares do PL e do Republicanos.
Messias teria um almoço agendado com a bancada de oposição nesta terça-feira, mas o encontro foi cancelado após repercussão negativa. Ainda assim, o indicado deve continuar se reunindo individualmente com senadores da direita ao longo da semana.
Mesmo com votos contrários previstos em partidos como União Brasil e PSD, o Palácio do Planalto acredita que Messias tem hoje uma “vantagem apertada” para ser aprovado. O governo trabalha com a meta de alcançar 52 votos a favor, o mesmo placar obtido por Edson Fachin em 2015, também em meio a forte resistência.
Lula, segundo Uribe, tem atuado pessoalmente para estimular apoios públicos à indicação, numa estratégia para criar “clima de vitória” e estimular eventuais traições durante a votação secreta. A avaliação interna é de que, quando um cenário favorável parece consolidado, os senadores tendem a evitar desgaste com um futuro ministro do Supremo.
O presidente, porém, ainda aguarda um mapeamento mais preciso antes de nova reunião com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil–AP). O Planalto tenta evitar concessões consideradas desnecessárias diante de uma narrativa de possível derrota.
Apesar do esforço do governo para consolidar votos, Márcio Bittar reforça que sua decisão é definitiva. “Eu acho que pode piorar para o governo. A chance de eu votar no Messias é zero”, concluiu.
