A obra da Ponte da Sibéria, em Xapuri, entra na fase final e será inaugurada no domingo, 23, às 16h30. A entrega marca o fim de uma espera de mais de 30 anos da população do município.
Quando o governador Gladson Cameli decidiu retomar a construção da estrutura, a escolha de quem conduziria o trabalho simbolizou um gesto político e, ao mesmo tempo, um voto de confiança. O projeto atravessou gestões, sofreu interrupções e se tornou, ao longo do tempo, um símbolo de descrença.
“Quando o governador Gladson Cameli me chamou para assumir o desafio de conduzir o Deracre, eu fiquei surpresa. Logo de cara, ele me perguntou: ‘Você vai me ajudar com a construção daquela ponte lá em Xapuri?’ E eu aceitei o desafio de pronto. Hoje, é gratificante ver isso se tornando realidade”, afirmou a presidente do Deracre, Sula Ximenes.
Durante décadas, a travessia entre o Centro de Xapuri e o Bairro da Sibéria ocorreu exclusivamente por meio de balsa. A rotina, marcada por limitações e longos períodos de espera, faz parte da memória de quem vive no município.
“Uma agente de saúde me contou coisas que não saem da minha cabeça. Moradores precisavam fazer procedimentos na beira do rio; alguns até morreram por não conseguir chegar ao hospital. Ela me disse que já desceu com gente sangrando na beira do rio. É por isso que a Ponte da Sibéria precisa ser entregue o quanto antes”, lembrou Sula.
A presidente destaca que o impacto da travessia interrompida pela balsa sempre esteve presente no relato de moradores. “A história da ponte circula na cidade há mais de 30 anos. Quem encontrava moradores ouvia, quase como rotina, o impacto da balsa: ‘a cheia atrapalha tudo’, ‘perdi hora de trabalho’, ‘quando quebra, a cidade para’. Para o governador, a ponte é um compromisso com uma geração que cresceu à espera”, explicou.
Com a obra concluída, a estrutura revela seu desenho final. Os cabos de protensão somam mais de seis quilômetros tensionados por dentro da ponte. As aduelas finalizadas formam um arco firme sobre o Rio Acre. Antes da conclusão, as equipes trabalharam em regime ampliado, estendendo os serviços até as 23 horas. À noite, a ponte iluminada pelos refletores evidenciava a dimensão final da estrutura.
“Na reta final, mais de 100 trabalhadores atuaram em dois turnos, das primeiras horas da manhã até as 23 horas, para concluir todos os serviços. Foram executadas armação, concretagem, instalação de guarda-rodas, chumbamento do guarda-corpo e a preparação da pavimentação. O projeto também inclui calçadão, bancos e áreas de convivência, valorizando o entorno e oferecendo novos espaços para a população”, detalhou Sula.
Para aproximadamente cinco mil moradores do Bairro da Sibéria, da Reserva Extrativista e de assentamentos próximos, a nova ponte representa o fim do isolamento e garante travessia segura e acesso a serviços essenciais. Iniciada em março de 2022, a obra recebeu R$ 40 milhões em investimentos, sendo R$ 15 milhões de emenda parlamentar e R$ 25 milhões do Tesouro Estadual.