Impedidos judicialmente de realizar greve, servidores da Saúde, incluindo profissionais com décadas de atuação, lotaram nesta terça-feira (18) a Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) para pressionar o parlamento e exigir a revisão do Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR).
A confusão instalada no plenário teve um motivo central: o PCCR não foi entregue à categoria para análise prévia, segundo denunciam os representantes sindicais. Para os trabalhadores, o governo tenta acelerar uma votação sem garantir o tempo mínimo necessário para que os servidores avaliem o impacto, as mudanças e as eventuais perdas na proposta.

Sindicatos reclamam de falta de diálogo
De acordo com os sindicalistas presentes, a categoria foi surpreendida pela condução do processo. Eles afirmam que, mesmo após várias cobranças, a minuta do PCCR não chegou às mãos dos servidores, inviabilizando qualquer debate técnico e transparente.
“Não dá para discutir um plano de carreira às pressas, sem ler e sem dialogar. O governo precisa entregar o documento e dar tempo real de discussão”, reclamou um dos representantes.

Líder do governo é vaiado ao justificar falta de tempo
O momento mais tenso da manhã ocorreu quando o líder do governo, deputado Manoel Moraes, subiu à tribuna e afirmou que “não é possível reconstruir o PCCR em tão curto espaço de tempo”. A fala foi recebida com vaias e protestos, porque, para os servidores, o problema não é velocidade, é justamente a ausência de tempo para avaliar algo que nem chegou oficialmente à categoria.
Os trabalhadores reagiram dizendo que falta transparência e que o governo não pode exigir celeridade em um assunto que impacta toda a carreira sem apresentar o texto e permitir análise minuciosa.

Pressão política aumenta
A ocupação da Aleac tem o objetivo de provocar o parlamento a intervir e garantir que a categoria receba o PCCR antes de qualquer tramitação. Deputados da oposição e até alguns da base consideraram legítimo o pedido dos servidores.
Nos bastidores, parlamentares avaliam que o clima de insatisfação poderia ter sido evitado com mais diálogo, reuniões prévias e liberação do documento de forma antecipada.

Categoria promete permanecer mobilizada
Sem a possibilidade de greve, os servidores afirmam que continuarão ocupando a Aleac e pressionando o governo até que o PCCR seja entregue e discutido de maneira adequada. A avaliação geral é de que, sem transparência e sem tempo hábil, a revisão da carreira corre o risco de ser empurrada sem debate e com prejuízos à categoria.
