terça-feira, 25 novembro 2025

Rodovias no Peru aproximam Acre da integração sul-americana, diz ministro Celso Amorim

Por André Gonzaga, da Folha do Acre

Investimentos bilionários buscam unir infraestrutura e comércio entre Brasil e vizinhos da região

As estradas em construção no Peru, financiadas em parte pelo governo brasileiro, não vão beneficiar apenas os países vizinhos. Elas também representam uma oportunidade concreta para o Acre e para comunidades próximas à fronteira, que passam a ter acesso mais rápido a mercados e serviços. Para o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, esse tipo de obra mostra que a integração da América do Sul não é apenas um gesto de solidariedade, mas uma estratégia que fortalece o próprio Brasil.

Segundo Amorim, em entrevista à Folha de S. Paulo, já foram aprovados projetos de infraestrutura que somam cerca de US$ 2 bilhões, e outros US$ 2,3 bilhões estão em negociação. O total pode chegar a US$ 4,4 bilhões. O chanceler afirma que, ao melhorar conexões como o chamado “Arco Norte”, que envolve Venezuela, Guiana, Suriname e o Amapá, o país também aproxima regiões brasileiras historicamente isoladas, como o Norte e o Nordeste.

O ministro lembra que, até pouco tempo atrás, o comércio com a América do Sul era visto como secundário diante das relações com Estados Unidos, Europa ou Japão. Hoje, o cenário mudou: a participação da região nas exportações brasileiras cresceu de 14% em 2003 para 18% em 2005, com destaque para produtos industrializados. “A integração é útil para o Brasil”, resume Amorim.

Apesar dos avanços, o processo enfrenta desafios políticos. O Brasil não conseguiu apoio integral dos vizinhos em candidaturas para cargos internacionais, como na Organização Mundial do Comércio (OMC) e no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Amorim, no entanto, minimiza os resultados e afirma que o prestígio brasileiro segue intacto, citando a liderança do país em reuniões do G-20 na OMC.

No caso do Mercosul, o ministro reconhece que há dificuldades, especialmente no equilíbrio das trocas comerciais. As exportações brasileiras para a Argentina batem recordes, mas as importações não acompanham o mesmo ritmo. Para reduzir tensões, ele defende políticas industriais conjuntas e investimentos que fortaleçam cadeias produtivas regionais. “No longo prazo, interessa ao Brasil que os países vizinhos estejam estáveis e em crescimento”, afirma.

O ministro compara a experiência sul-americana à europeia, lembrando que a Alemanha financiou projetos para reduzir desigualdades regionais. Para ele, o Brasil também pode bancar obras que tragam retorno econômico interno e, ao mesmo tempo, favoreçam a integração física e política da América do Sul.

 

Publicidade