quarta-feira, 19 novembro 2025

Qual é o futuro do trabalho na era da Inteligência Artificial? A Headscon Acre trouxe respostas

Por Gabriel Zissou, da Agência Collab na Headscon Acre 2025

Spoiler: atividades repetitivas estão fadadas à extinção

Há quem diga que “a inteligência artificial vai acabar com os empregos, mudando nosso estilo de vida para sempre”. Mas será que é isso mesmo? Para Marcelo Minutti, curador geral da Headscon, o futuro é bem mais otimista do que se poderia esperar.

Na terça-feira (18), no auditório principal da Headscon Acre 2025, Minutti apresentou sua palestra “Como se preparar para o futuro do trabalho na era da Inteligência Artificial?”, na qual explicou sua visão sobre as tendências do mercado profissional para os próximos anos.

Atuando há mais de 20 anos com tecnologias inovadoras e “disruptivas” (como gosta de chamar), Minutti também é professor e demonstra paixão pelo setor acadêmico, um ambiente que considera ideal para a investigação das constantes mudanças do panorama do emprego. Para ele, a tecnologia avançou a um ponto no qual as principais discussões “não são mais barreiras tecnológicas, mas sim, psicológicas e regulatórias”.

Minutti destaca os ciclos históricos de transformação do mercado de trabalho pela tecnologia – cada vez mais curtos e mais intensos, de forma a acompanhar os ciclos econômicos do capitalismo. A grande questão, segundo ele, é que atividades repetitivas estão destinadas a ser substituídas. “A crença sempre foi a de que a IA automatizaria o trabalho físico, mas as maiores transformações estão surgindo para atividades cognitivas”, ele afirma. “É repetitivo? [Então] a IA pode fazer se for treinada, com um grau de fidelidade cada vez maior”.

O Fórum Econômico Mundial estima que, até o ano de 2030, 170 milhões de empregos serão criados, ao passo que 92 milhões serão eliminados. Encarando dessa forma, é possível perceber que, de fato, o futuro não parece tão assustador assim. A pergunta que resta, no entanto, é: quem será beneficiado por esses empregos e quem será descartado pelo novo modo de trabalhar e produzir com a inteligência artificial?

Minutti destaca que o futuro será moldado por carreiras mais dinâmicas, e que os profissionais mudarão de emprego com o dobro da frequência. Esse futuro também estaria atrelado a mudanças aceleradas nas competências do trabalhador. Em outras palavras, nenhuma profissão é para sempre, exigindo aprimoramento contínuo. Para exemplificar, utilizou um dado interessante: as competências do LinkedIn, segundo a própria plataforma, aumentaram em 140% desde 2022.

Marcelo Minutti, coordenador geral da Headscon. (Divulgação/Headscon Acre)

Aprendendo a lidar com a IA

O que fazer diante de tantas mudanças? Para Marcelo Minutti, a saída é ressignificar o sentido do trabalho, prestando muita atenção às novas matrizes tecnológicas que modificam a própria natureza do trabalho. Desse modo, as tarefas de cada profissão seriam reconfiguradas e exigiriam novas demandas, sendo constantemente modificadas por pressões de mercado, instituições e políticas públicas.

“Rupturas setoriais geram rupturas profissionais”, ele diz, mencionando três elementos essenciais para o futuro do trabalho conectado à Inteligência Artificial.

Reconfiguração de tarefas: Isso significa que o modo de se “produzir do zero” está com os dias contados. Ao invés disso, o trabalho será mais voltado a projetar, avaliar e editar o trabalho feito pela IA.

Transformação de competências: 39% das competências gerais podem mudar até 2030, e o que conhecemos como “hard skills” irão depreciar em uma média de dois anos e meio.

Orquestração de agentes de IA: Ou seja, a capacidade de saber operar e comandar uma plataforma ou ferramenta de IA será essencial para a maioria dos trabalhos. No mundo dos games, essa capacidade já é utilizada de forma relevante por desenvolvedores de jogos.

Encerrando a palestra, Minutti oferece ao público presente o segredo de uma boa preparação para o futuro do trabalho: “Mantenham uma gama maior de habilidades necessárias, aprendam de tudo e, dessa forma, tenham prontidão para o futuro”.

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