Os movimentos do Partido dos Trabalhadores no Acre para as próximas eleições não podem ser entendidos sem considerar as cicatrizes deixadas em 2018. Naquele ano, a sigla perdeu o governo estadual, o Senado e espaço nas câmaras municipais, encerrando um ciclo de duas décadas de domínio. A derrota foi atribuída, por Jorge Viana, ao conflito interno provocado pela corrente liderada por Cesário Braga, que apoiou Ney Amorim, hoje filiado ao Podemos, em vez de consolidar uma candidatura única para o Senado.
Desde então, a relação entre Viana e Cesário nunca mais se restabeleceu. O ex-senador e atual presidente da Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) chegou a afirmar que “quem destruiu o PT quer voltar”, em referência à tentativa de Braga de assumir a presidência estadual da agremiação. Já Cesário, superintendente do MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar), acabou desistindo da disputa e, em carta aberta, declarou não querer ser motivo de divisões. Com isso, o comando estadual passou para o vereador André Kamai, que hoje conduz a reorganização da legenda.
Nesse cenário, o parlamentar tem buscado reestruturar o partido em torno de alianças mais amplas. Em entrevista, confirmou que o médico Thor Dantas (PSB) deve ser o nome ao governo, enquanto Jorge Viana será candidato ao Senado. Paralelamente, a Rede apresentou o professor Inácio Moreira para a mesma disputa. Já nas chapas proporcionais, o PT aposta em Cesário Braga para a Assembleia Legislativa (Aleac), além de nomes como o padre Antônio, de Xapuri, e o ex-prefeito de Marechal Thaumaturgo, Isaac Piyãko, da etnia Ashaninka.
Na disputa federal, o reforço do PCdoB e do PV amplia o conjunto de candidaturas. Além de Kamai, estão colocadas as pré-candidaturas de Perpétua Almeida (PCdoB) e Shirley Torres (PV). A expectativa é que cada partido aliado apresente mais nomes, formando uma chapa competitiva. O deputado estadual Edvaldo Magalhães (PCdoB) confirmou que também estará nas urnas em 2026, em busca da reeleição para um sexto mandato na Aleac.
Ele destacou que o partido não pretende restringir-se à sua candidatura, mas sim ampliar o leque de nomes para fortalecer a federação Brasil da Esperança, composta por PT, PCdoB e PV. Magalhães garantiu ainda que a pré-candidatura da ex-deputada federal Perpétua Almeida está consolidada e que ela deve deixar a diretoria da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) até abril para se dedicar integralmente à campanha.
Ainda segundo o parlamentar, o grupo tem buscado novas lideranças do campo progressista para compor a chapa e recuperar o protagonismo que já exerceu em diferentes espaços legislativos no Acre. Esse desafio, portanto, não é muito distinto da missão que o PT pretende cumprir no próximo pleito eleitoral: superar divergências históricas para mostrar unidade diante de uma frente que pretende enfrentar candidaturas robustas e retomar espaço político no estado.
