Mesmo com ônibus quebrando nas ruas e reclamações diárias da população, a empresa Ricco Transportes se mantém como única operadora em Rio Branco
Em meio a uma enxurrada de críticas sobre a qualidade do transporte coletivo em Rio Branco, o prefeito em exercício, Alysson Bestene (PP), continua defendendo a atuação da empresa Ricco Transportes, que opera sozinha na capital acreana sob contrato emergencial. A concessionária é alvo de denúncias constantes por parte de usuários e vereadores, que apontam falhas graves, como veículos quebrados em circulação, atrasos e falta de manutenção adequada.
Na última semana, um ônibus da concessionária perdeu o eixo traseiro enquanto trafegava pela Via Chico Mendes, no Segundo Distrito, com passageiros a bordo. O incidente, que por pouco não terminou em tragédia, reacendeu o debate na Câmara Municipal. O vereador Aiache (PP), da base do prefeito Tião Bocalom (PL), classificou a empresa como “um lixo” e pediu o fim imediato do contrato. “Todos os dias recebemos mensagens de pessoas que não conseguem chegar ao trabalho ou à escola porque o ônibus quebrou. Isso é insustentável”, afirmou.
Apesar da pressão, Alysson Bestene insiste em justificar a permanência da Ricco. Em entrevista nesta quinta-feira (6/11), o prefeito alegou que a empresa “já colocou novos ônibus na frota” e que está sendo “notificada para melhorar”. Segundo ele, a participação da empresa na próxima licitação dependerá da sua “idoneidade” e do cumprimento das exigências legais. “Se ela tiver problemas, não vai participar”, disse, sem apresentar prazos ou medidas concretas para garantir melhorias no serviço.
A fala, no entanto, foi marcada por contradições e falta de clareza. Ao tentar explicar o processo licitatório, Bestene mencionou que a tarifa atual de R$ 3,50 será mantida, mas não detalhou como isso será feito, já que as planilhas devem ser atualizadas conforme o que estiver previsto no edital da nova licitação. Também não esclareceu como será garantida a transparência prometida no certame, nem quais critérios serão usados para avaliar a capacidade das empresas concorrentes.
Enquanto isso, a população segue enfrentando ônibus lotados, sem ar-condicionado, com janelas quebradas e risco constante de acidentes. Trabalhadores e estudantes são os mais prejudicados, chegando atrasados ou sequer conseguindo embarcar. A sensação é de abandono por parte do poder público, que parece mais preocupado em proteger contratos do que em garantir um transporte digno.
A proposta de atualização do marco regulatório do transporte coletivo, enviada por Bestene à Câmara, promete modernizar a legislação municipal. No entanto, sem ações concretas e fiscalização efetiva, o projeto corre o risco de ser apenas mais uma promessa vazia.
