Mais da metade dos estudantes acreanos do ensino fundamental 2 considera a escola um ambiente favorável ao aprendizado, à convivência e ao desenvolvimento pessoal. É o que revela o Relatório da Semana da Escuta das Adolescências, divulgado pelo Ministério da Educação (MEC) em parceria com o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e o Itaú Social. O levantamento ouviu cerca de 16 mil adolescentes do 6º ao 9º ano em todo o estado.
De acordo com o estudo, mais de 60% dos alunos veem a escola como um espaço que estimula o autoconhecimento e o aprendizado. No entanto, o sentimento de pertencimento e participação tende a diminuir à medida que os estudantes avançam nas séries.
Entre os alunos do 6º e 7º anos, 68% enxergam a escola como um ambiente de aprendizado e autoconhecimento; 67% associam o espaço ao acolhimento; e 66% o veem como local de convivência e socialização — desses, 81% afirmam ter amizades significativas no ambiente escolar. Além disso, 61% consideram a escola um espaço de participação nas decisões, embora apenas 52% percebam envolvimento das famílias nas atividades.
O uso da tecnologia também ganhou destaque: 43% preferem atividades com mídias digitais e 35% demonstram interesse por pesquisa científica. Quanto às formas de aprendizado, 36% destacam os trabalhos em grupo e 26% apontam as leituras como método eficaz. Na convivência, 42% sugerem mais jogos e competições para integrar os colegas, enquanto 35% pedem ações contra bullying, racismo e violências. Melhorias na infraestrutura e mais segurança são demandas de 31% dos jovens.
Já entre os estudantes do 8º e 9º anos, a percepção positiva diminui. Nessa faixa, 65% ainda veem a escola como espaço de aprendizado, mas o sentimento de acolhimento cai para 60%, o de socialização para 56% e o de participação para 51%, mesmo com 82% relatando possuir relações de amizade fortes. Apenas 46% percebem a presença das famílias na vida escolar.
O interesse por temas ligados ao autoconhecimento, autocuidado e saúde mental cresce para 25%, superando o dos alunos mais jovens (23%). As preferências por tecnologia e mídias digitais (41%) e aulas práticas (35%) se mantêm altas, enquanto o gosto por artes e cultura diminui para 23%. Além disso, 48% defendem mais atividades esportivas e 29% apontam a segurança dentro e fora da escola como prioridade.
Para o diretor de Políticas e Diretrizes da Educação Integral Básica do MEC, Alexsandro Santos, os resultados reforçam a necessidade de aproximar o currículo escolar das realidades e expectativas dos jovens. “É preciso que o currículo da escola dialogue com os desejos e os desafios dessa fase repleta de descobertas e conflitos”, afirmou.
A superintendente do Itaú Social, Patricia Mota Guedes, complementou que as percepções dos adolescentes devem servir de guia para repensar as práticas pedagógicas. “As vozes desses adolescentes são um chamado para construirmos escolas que respondam às suas necessidades e aspirações”, destacou.
