Durante coletiva de imprensa realizada na manhã desta quinta-feira, 13, na sede da Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre), a coordenadora da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), Cristina Messias, esclareceu pontos sobre o processo de reestruturação da rede de saúde mental no estado e reforçou que não há qualquer plano de fechamento do Hospital de Saúde Mental do Acre (Hosmac).
Cristina explicou que atualmente o Hosmac abriga 11 pacientes considerados moradores, ou seja, que estão internados há mais de dois anos, além de outros 16 pacientes em tratamento no sistema penitenciário. Segundo ela, esses são os casos mais sensíveis e que exigem maior atenção dentro do processo de desinstitucionalização, previsto na Lei nº 10.216/2001, que estabelece diretrizes para o cuidado em liberdade de pessoas com transtornos mentais.
“Esses pacientes merecem uma atenção especial. A ideia é que possam ser cuidados em liberdade, no território, por equipes multiprofissionais. Ninguém aqui falou em fechar o Hosmac, seria uma irresponsabilidade neste momento”, afirmou Messias.
A coordenadora ressaltou que a saúde mental vai muito além do tratamento medicamentoso e envolve o trabalho integrado de assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, psicólogos e pedagogos, que atuam na ressocialização dos pacientes.
“Ninguém gosta de ficar preso. E ninguém merece ficar internado por 30 ou 40 anos por conta de uma crise. As pessoas com transtornos mentais, depois que são medicadas e estabilizadas, conseguem retomar suas vidas. Por isso, defendemos o cuidado em liberdade, com acompanhamento próximo das equipes da RAPS”, explicou a coordenadora.
Cristina lembrou que o modelo de atenção territorial já é realidade em algumas regiões do estado, como no Juruá, onde não existe hospital psiquiátrico. Nessa regional, os pacientes são acompanhados pelo CAPS Náuas, pela atenção básica e pelo Hospital do Juruá, retornando ao CAPS após a estabilização do quadro.
A coordenadora destacou ainda que o governo estuda formas de cofinanciamento dos municípios para fortalecer a RAPS em todo o Acre, de modo que o tratamento possa ser feito próximo às famílias.
“O que estamos construindo é um plano de cuidado, não um fechamento. A proposta ainda está sendo elaborada, e nossa intenção é que os municípios possam assumir sua rede de atenção psicossocial. Assim, as pessoas serão tratadas próximas de casa, e as famílias também serão cuidadas”, afirmou Cristina.
Cristina também reforçou que as pessoas com transtornos mentais têm o direito de viver em sociedade e que o objetivo do governo é ampliar e humanizar o atendimento.
“As pessoas com transtorno mental têm o direito de circular, estudar, trabalhar, namorar, participar da vida em comunidade. O que queremos é melhorar esse cuidado e garantir que ninguém fique desassistido”, concluiu.

