Evento encerrou a programação do Projeto Cidadão no município; cerimônia celebrou o casamento de 65 casais
Sabe aquela história da noiva que se atrasa para o casamento? Não foi o caso de Maria da Conceição Ferreira, de 78 anos, moradora de Porto Walter. Ela e o companheiro Adanildon Valdeca, de 65, chegaram ao local da cerimônia duas horas antes do horário previsto. Queriam garantir que tudo saísse perfeito no momento de oficializar uma história de amor que já dura 31 anos.
Maria e Adanildon dividem o tempo entre a fazenda e a casa na cidade, mas a história do casal começou em Cruzeiro do Sul, em maio de 1994. A partir daí, não se separaram mais. Construíram uma família e conquistaram a casa própria, mas ainda faltava algo para completar a trajetória: o casamento civil.
Às 16h, no Ginásio Poliesportivo Aderlan da Silva, o sonho deles e de outros 64 casais se tornou realidade. As uniões encerraram a programação de mais uma edição do Projeto Cidadão, iniciativa do Tribunal de Justiça do Acre (TJAC) que promove cidadania e garante documentação básica a pessoas em situação de vulnerabilidade social.
Entre as ações do Projeto Cidadão está o casamento coletivo, que assegura o direito ao matrimônio para quem não tem condições financeiras de arcar com as despesas de casório, especialmente aos moradores de regiões de difícil acesso, como ribeirinhos, indígenas e assentados.
O casal não sabe ao certo por que demoraram tanto tempo para formalizar a união, apenas que não poderiam perder essa oportunidade. “Não sei explicar o motivo. A gente se amou a vida toda. Ela [Maria] que disse: ‘Nildon, vamos se casar. Nós estamos em pecado’. Foi passando, passando, e hoje resolvemos nos casar. Estou achando boa [a iniciativa]. Sensacional”, contou Adanildon.
Com a certidão de casamento em mãos, eles já fazem planos: “Queremos andar na casa dos parentes dela, que é tudo pertinho, e dos meus, em Rio Branco”. Adanildon aproveitou para se declarar: “Eu amo ela, do fundo do meu coração. Não é falsidade”, afirmou.
Dezenas de histórias de amor
Jéssica Mota, de 21 anos, não conteve as lágrimas durante os votos. “Eu acho casamento uma coisa muito linda, de Deus. Sempre fui apaixonada por ele. Era meu sonho me casar”, contou, referindo-se ao parceiro Menderson Ribeiro, de 27. Eles se conheceram há anos, no mesmo lugar onde selaram o amor.
“A gente se conheceu pelas redes sociais. Eu já via ela há bastante tempo e tomei iniciativa de mandar mensagem. Combinamos de nos encontrar nos Jogos Escolares, aqui na quadra. Ficamos cerca de dois anos namorando e, depois, pedi aos pais dela para casar. Desde então, não nos separamos mais”, lembrou Menderson.
O noivo destacou também a importância da ação para a comunidade: “É muito legal, porque diversas pessoas não tinham condições financeiras para dar entrada no pedido de casamento. É o sonho de muita gente, assim como o nosso, que hoje estamos realizando.”
O casal ainda falou das expectativa para o futuro: “Que a gente continue melhorando como pessoa e dentro do nosso relacionamento. Que consigamos passar bons hábitos aos nossos filhos. Queremos formar pessoas para uma sociedade muito melhor.”
Já o casal mais jovem desta edição, Aldenisio Rodrigues, de 17 anos, e Deliane Queiroz, de 16, contou com uma ajuda especial para não se atrasar. No caminho para o ginásio, o juiz de Direito Erik Farhat, responsável pela celebração, ofereceu uma carona. O gesto garantiu que eles chegassem a tempo e sem contratempos.
