Movimento exige ginecologistas, delegacias abertas 24h e casas-abrigo em todos os municípios
Depois de passar pela Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) nesta terça-feira (25/11), a Associação de Mulheres Negras do Acre (AMN) esteve na Câmara Municipal de Rio Branco para entregar as demandas do movimento ao presidente da Casa, Joabe Lira (União Brasil). O grupo também se manifestou em cidades do interior, como Porto Walter, Manoel Urbano e Rodrigues Alves, reforçando o caráter nacional da mobilização.
“Marchamos por reparação, pelo bem viver, marchamos para continuar vivas”, disse a coordenadora Almerinda Cunha. Ela destacou que o movimento pede ginecologistas em todos os municípios, atendimento psicológico, delegacias abertas 24 horas, além da ampliação da Patrulha Maria da Penha e a criação de casas-abrigo em cada cidade.
As reivindicações constam em documento protocolado pela AMN e incluem ainda campanhas contra racismo, feminicídio e capacitismo, implementação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), mutirões de alfabetização e cotas para mulheres negras chefes de família no programa federal Minha Casa, Minha Vida.
O ato também chamou atenção para a campanha 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência de Gênero, que ocorre em todo o país. A iniciativa, conduzida pelo Ministério das Mulheres (MM), começou em 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, e segue até 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos. Segundo a ministra Márcia Lopes, o objetivo é “ampliar a conscientização e fortalecer políticas públicas de proteção às mulheres”.
No Acre, o governo estadual articula ações integradas com movimentos sociais e órgãos públicos. A Secretaria de Estado da Mulher (Semulher) promove agendas de conscientização e a Polícia Civil iniciou uma força-tarefa para acelerar investigações de violência doméstica, com meta de concluir mais de 80 inquéritos até dezembro.
“Estamos na frente das prefeituras e câmaras de vereadores em todos os municípios. Quando as mulheres negras se movimentam, a sociedade toda se movimenta”, explica Almerinda Cunha.
O movimento lembra que a luta é contra os impactos da escravidão e do racismo estrutural que assombram o país até hoje. “Queremos reparação histórica e econômica, porque nos roubaram e nos impediram de estudar e ter terra”, afirmou a líder da AMN.
Com a mobilização, as manifestantes esperam que suas reivindicações sejam incorporadas às políticas públicas, cumprindo o que já está previsto na Constituição Federal e nas leis de igualdade racial e de gênero.

