Hoje, em Xapuri, não se entrega apenas uma obra de concreto e aço. Entrega-se um capítulo inteiro da história, marcado por décadas de espera, dor, isolamento e a silenciosa persistência de um povo que nunca desistiu de acreditar. Fecha-se, enfim, um ciclo que parecia infinito e abre-se outro, de luz, esperança e dignidade.
Quem nasceu ou viveu em Xapuri sabe: o maior sonho coletivo sempre foi ver o Primeiro Distrito unido à Sibéria, comunidade irmã separada apenas pelo Rio Acre, mas dividida, por tantos anos, por uma ausência dolorosa: a falta de uma ponte. Ali, onde o rio cortava o município ao meio, também se partiam rotinas, sonhos, oportunidades e vidas.
Durante décadas, a travessia após a meia-noite era impossível. Do lado da Sibéria ficavam famílias inteiras, presas pela maré da escuridão, enquanto do outro lado estavam o hospital, a delegacia, os supermercados, os serviços básicos, a chance de socorro e, muitas vezes, a própria vida.
Quantos não perderam a batalha por minutos, por não conseguir atravessar?
Quantos jovens, ao buscar lazer ou retornar para casa tarde demais, não arriscaram o mergulho fatal nas águas barrentas do Acre?
Quantas mães não choraram na beira daquele rio, sabendo que a ausência de uma ponte custou o que jamais deveria ser cobrado: vidas humanas!
Foi nesse palco de sofrimento e esperança que muitos grupos políticos ascenderam, se elegeram e se reelegeram, embalados por promessas de que, enfim, ergueriam a ponte da Sibéria. Promessas que se repetiram, que inflamaram a esperança, mas que, ano após ano, ficavam na poeira das campanhas eleitorais.
Mas neste domingo, 23 de novembro de 2025, a história deu um passo firme.
E Xapuri, inteira — do mais novo ao mais velho — pôde finalmente soltar o grito que há décadas morava preso na garganta:
“Agora nós temos uma ponte.
Agora nós temos dignidade.
Agora nós temos um futuro melhor.”
A ponte que hoje se inaugura não liga apenas margens; ela costura feridas, reconecta famílias, devolve segurança, impulsiona desenvolvimento e honra a luta silenciosa de gerações.
Parabéns, Xapuri. Vocês são merecedores deste presente histórico.
Parabéns ao Governo do Estado, nas pessoas do governador Gladson Cameli e da presidente do Deracre, Sula Ximenes, que não mediram esforços para transformar um sonho antigo em realidade concreta.
Hoje, o rio continua ali, majestoso e imponente.
Mas, sobre ele, ergue-se agora uma ponte — e, com ela, a certeza de que nenhum xapuriense caminhará mais sozinho rumo à dignidade.

