sexta-feira, 28 novembro 2025

Acre gastou mais de R$ 1 milhão para tratar vítimas de acidentes com motos em 2024

Por André Gonzaga, da Folha do Acre

Segundo levantamento da Senatran e do Datasus, reunido pelo Ipea, os veículos de duas rodas já representam 53,1% da frota do estado, uma das maiores proporções do país. E essa realidade tem impacto direto na saúde pública. Em 2024, os gastos do Sistema Único de Saúde (SUS) com vítimas de colisões envolvendo motocicletas chegaram a R$ 1.010.954,40, o que corresponde a 43% de todas as despesas com sinistros de transporte no Acre.

Em nível nacional, as motos são vistas como alternativa mais barata e rápida para se deslocar, mas concentram os maiores índices de mortes e internações. Os episódios com motociclistas já respondem por quase 40% das fatalidades no trânsito brasileiro. Além das mortes, os casos provocam internações prolongadas e de alto custo, exigindo cirurgias e reabilitação que pressionam a rede pública de saúde.

O perfil das vítimas também chama atenção. A maioria é formada por homens jovens, de baixa renda e escolaridade, que usam o veículo para trabalhar ou se deslocar diariamente. Esse quadro amplia os impactos sociais, já que os acidentes atingem pessoas em plena idade produtiva, provocando perda de renda familiar e aumento da pobreza.

O serviço de mototáxi também entrou no debate público. A expansão, muitas vezes sem regras claras de segurança, pode aumentar os custos hospitalares e a pressão sobre o SUS. O levantamento aponta que motocicletas de baixa cilindrada, predominantes em várias regiões do país, não oferecem condições adequadas para transportar passageiros com segurança, especialmente em vias movimentadas.

A predominância dos veículos de duas rodas, somada à fragilidade da infraestrutura e à sobrecarga do sistema de saúde, torna urgente discutir alternativas seguras de transporte para a população, segundo o estudo. Diante desse quadro, o Acre se insere no desafio nacional de reduzir as mortes no trânsito.

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