Presidente Waldirene Cordeiro aponta obstáculos como inclusão de indígenas, presença feminina na política e confiabilidade do voto
A Justiça Eleitoral do Acre iniciou os preparativos para as eleições gerais de 2026 com uma coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira (3/10), na sede do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-AC), em Rio Branco. O encontro marcou o início da contagem regressiva para o pleito, previsto para 4 de outubro do próximo ano, e reuniu autoridades, servidores e representantes de instituições parceiras.
Na ocasião, foi destacado que os eleitores irão às urnas para escolher representantes em seis cargos: presidente da República, governador, dois senadores, um deputado federal e um deputado estadual. Por envolver diversas escolhas, o processo tende a ser mais demorado, o que exige planejamento cuidadoso e estrutura adequada. Desde o último pleito, o horário de votação no Acre foi ajustado para coincidir com o de Brasília. Com a mudança, a votação no estado ocorre das 6h às 15h. A medida busca garantir uniformidade na apuração dos votos em todo o território nacional.
Durante o evento, a presidente do TRE-AC, Waldirene Cordeiro, alertou que cerca de 40 mil cidadãos ainda não realizaram o cadastro biométrico, número que corresponde a 6,6% do eleitorado apto no estado. Para enfrentar esse desafio, o tribunal adotará uma estratégia de busca ativa até maio de 2026, prazo final para atualização dos dados. A mobilização inclui ações em escolas, universidades e comunidades de difícil acesso, como as aldeias das etnias Kaxinawá e Manchineri.
Além da biometria, a desembargadora destacou o efeito da desinformação sobre a confiança do eleitorado no processo eleitoral. Ela solicitou o apoio da imprensa na verificação de dados junto aos canais oficiais antes da publicação de qualquer conteúdo. Como medida institucional, o TRE-AC mantém um comitê voltado ao combate de notícias falsas e utiliza ferramentas como o Biozap, que envia mensagens diretamente aos eleitores com orientações sobre atendimento – sem exigir o clique em links incorporados.
Outro tema abordado foi a presença feminina na política. A presidente enfatizou que as mulheres devem participar efetivamente das campanhas, e não apenas figurar como candidatas fictícias para cumprir cotas partidárias. “A participação feminina precisa ser real, com acesso aos recursos e espaço para disputar votos. Fraudes nesse campo não serão toleradas”, declarou. Ela lembrou que irregularidades podem resultar em cassação de mandatos e inelegibilidade por até oito anos.
O vice-presidente e corregedor eleitoral, Lois Arruda, também se pronunciou. Ele elogiou o empenho da equipe técnica do tribunal e reafirmou o compromisso da Justiça Eleitoral com a transparência e o respeito à vontade popular. “Nosso objetivo é entregar uma eleição que reflita o desejo coletivo da sociedade, com lisura e responsabilidade”, declarou o desembargador.
Com aproximadamente 2.800 urnas eletrônicas disponíveis, o TRE-AC pretende repetir o bom desempenho de 2024, quando figurou entre os dez tribunais mais ágeis na apuração dos votos. Para alcançar um resultado ainda melhor em 2026, a instituição já iniciou o planejamento logístico, priorizando regiões de difícil acesso e garantindo condições adequadas para pessoas com deficiência.
Waldirene Cordeiro também reforçou que todas as etapas do processo eleitoral seguem prazos definidos por lei e não podem ser modificadas. O encerramento do cadastro eleitoral ocorre no início de maio, enquanto o prazo para registro de candidaturas se encerra em 15 de agosto. “Cada fase tem seu tempo. É preciso respeitar o calendário para assegurar uma eleição legítima e segura”, concluiu.