Mais uma vez foi considerado “deserto”, sem nenhum lance, a terceira hasta pública para a venda do complexo Peixes da Amazônia, em Senador Guiomard. Embora com duas empresas habilitadas, nenhuma apresentou o lance mínimo de R$ 15,2 milhões previsto para o leilão da massa falida.
A partir de agora, se houver interessado no complexo, que inclui um terreno de 67 hectares na BR-364, uma fábrica de ração que era considerada de última geração, um laboratório de reprodução de alevinos e um frigorífico, além da estrutura para subestação de energia elétrica, deve procurar diretamente a Vara Cível de Senador Guiomard.
“O empreendimento mais dispendioso é o frigorífico, que depende de capital de giro para
comprar pescado e um grande número de trabalhadores para tocar a atividade econômica”, observou o ex-presidente da Agência de Negócios do Acre (ANAC), Inácio Moreira.
Há sete anos que o complexo industrial foi desativado, por dívidas acumuladas no segundo mandato do então governador Tião Viana. Os acionistas privados haviam desembolsado um aporte de R$16 milhões, enquanto o Banco da Amazônia (Basa) liberou um empréstimo de 17 milhões, para a instalação do frigorífico.
O Fundo Caetés Investimentos aportou mais R$15 milhões e governo do Estado R$27 milhões, para viabilizar o empreendimento da Parceria/Público /Privado, mas a iniciativa não vingou, em grande parte pela instabilidade política e econômica do governo de Michel Temer.
A Peixes da Amazônia S.A. ainda sofreu derrota na Justiça acreana, pois foi negado o pedido de anistia dos tributos, em decorrência da recuperação judicial de uma dívida fiscal junto a Secretaria Estadual de Fazenda (Sefaz).
“Os acionistas chegaram a procurar a Procuradoria -Geral do Estado para parcelamento do débito tributário existente, Sem essa medida, houve a penhora dos bens da empresa, inclusive o confisco das contas bancárias dos sócios, destinado à quitação da dívida existente”, diz Inácio Moreira.
Quem ainda se arriscar a comprar o empreendimento terá como obrigação o pagamento das dívidas trabalhistas dos ex–funcionários da empresa, do administrador judicial, advogado e o que restar será destinado aos empresários acreanos acionistas do complexo industrial falido.
No apogeu, a empresa chegou a exportar mais de 1,4 milhões quilos de pirapitinga, para a cidade peruana de Puerto Maldonado. Movimentou 10 mil toneladas de pescado, nos últimos 12 meses de 2018. A meta de produção da empresa projetada para 2020 era de 20 mil tonelada brutas, 10 mil toneladas de pescado em cortes.
Contava com um cadastro de 5.355 tanques de produtores associados, espalhados pelos 22
municípios acreanos, destinados a criação de peixes em cativeiro. Os criadores de pescado do estado chegaram a produzir mais de oito mil toneladas de pescado no ano de 2017.
A produção de pescado acreano abastecia parte do setor varejista e atacadista nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal (DF), Goiás, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Bahia, Pernambuco e Ceará. Já as exportações destinadas ao Peru neste período chegavam a 15 toneladas por semana.
O laboratório de alevinos produziu 1,5 milhão de alevinos de pintados, 300 mil de tambaqui e entre 150 e 300 mil de pirarucu.
Com informações A Tribuna