segunda-feira, 13 outubro 2025

Eventos extremos no Acre viram exemplos em debate nacional sobre clima e gestão da água

Por André Gonzaga, da Folha do Acre

Realidade do estado mostra urgência de estudos regionais para enfrentar secas e enchentes em todo o Brasil

Os fenômenos severos vividos pelo Acre no último ano foram apontados por especialistas como alerta para os desafios das mudanças climáticas e na gestão da água. O tema ganhou destaque em Brasília (DF) durante o 7º Seminário Nacional do Mestrado Profissional em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos (ProfÁgua), realizado entre 8 e 10 de outubro, com apoio da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

O painel “Eventos Extremos e Recursos Hídricos” reuniu pesquisadores e representantes de órgãos públicos para discutir o aumento de ocorrências como estiagens prolongadas e chuvas intensas, que têm comprometido o funcionamento dos reservatórios e provocado incêndios e queda na qualidade do ar.

“Em 2024 foi a seca recorde no Pantanal e na Amazônia, e quando eu falo Pantanal e Amazônia, estou falando de mais da metade do Brasil. A pior seca do histórico na Amazônia foi em 2023, e 2024 conseguiu ser pior. Isso numa série histórica de mais de 100 anos de dados”, afirmou Marcos Suassuna Santos, pesquisador do Serviço Geológico do Brasil (SGB).

Ele também fez o recorte sobre a situação do Acre: “Os extremos estão sendo muito mais frequentes do que se fosse uma flutuação aleatória. Realmente têm tendências, e o que aconteceu é um exemplo claro disso”, disse, ao citar os efeitos do clima na região. Em março de 2024, o estado enfrentou uma das mais volumosas enchentes já registradas e, em setembro, a pior seca de sua história.

Adriana Cuartas, pesquisadora do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), apresentou análises desenvolvidas por meio do sistema GeoRisk, com potencial de antecipar riscos e minimizar danos causados por desastres naturais. “A maioria dos reservatórios tem perdido a capacidade de armazenar e atingir os valores mínimos. Eles estão bem abaixo daquilo que a gente observou até 2023”, alertou.

Além dos debates sobre eventos extremos, o seminário abordou a qualidade da água. Wesley Gabrieli de Souza, superintendente adjunto de Gestão da Rede Hidrometeorológica da ANA, destacou que o monitoramento é essencial para garantir o uso seguro dos recursos hídricos.

“Para a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico cumprir com todas as suas atribuições, o monitoramento hidrológico de qualidade se faz necessário. Lembrando que o monitoramento não serve apenas à ANA, mas a toda sociedade”, afirmou.

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