quarta-feira, 22 outubro 2025

“Contra a natureza, o que você pode fazer?”, diz Bocalom sobre crise no abastecimento de água em Rio Branco

Por Mirlany Silva, da Folha do Acre

“Contra a natureza, o que você pode fazer?”, disse o prefeito Tião Bocalom ao comentar a atual crise no abastecimento de água em Rio Branco. A fala foi feita durante entrevista ao programa Gazeta Entrevista, da TV Gazeta, na última terça-feira, 21. Segundo o prefeito, o problema é consequência direta das variações do nível do Rio Acre, que continua sendo a principal fonte de captação de água da capital acreana.

De acordo com Bocalom, o início do período chuvoso tem provocado o desmoronamento de barrancos, o que torna a água mais barrenta e dificulta o tratamento. “O evento que está acontecendo esse ano, isso é esperado no início das águas, que o rio começa a encher, começa cair os barrancos e a água então vira areia pura. Quando o rio baixa, de novo entra no mesmo problema. Infelizmente, Rio Branco depende puramente do rio”, afirmou.

O prefeito disse que a solução a médio prazo passa pela perfuração de poços profundos, com o objetivo de reduzir a dependência do rio. “Estamos fechando a contratação de uma empresa para perfurar alguns poços no Segundo Distrito, onde tem o aquífero Rio Branco. São poços que vão até 40 metros de profundidade, que nos permitirão avaliar a vazão e, assim, começar a substituir parte da captação do rio, porque ficar totalmente dependente dele realmente não é bom”, explicou.

Bocalom também destacou que a gestão municipal tem buscado melhorar o fornecimento nas regiões que historicamente sofrem com a falta d’água. Ele citou como exemplo os bairros Rui Lino 3 e parte do Conjunto Calafate. “Ninguém fala que um bocado de áreas da cidade, que chegava água uma vez por semana, já está chegando três, quatro vezes. Boa parte da região do Calafate, que a água só chegava a cada três dias, agora está chegando 24 horas”, garantiu.

Apesar dos avanços, o prefeito reconhece que o desafio é grande e que a solução completa não virá de forma imediata. “Ninguém vai consertar um problema de mais de 30 anos em apenas três anos. A gente está reestruturando todo o sistema. Eu acho que é uma questão de tempo para a gente arrumar”, disse.

Tião Bocalom também destacou a ausência de um serviço de cobrança pelo uso da água, afirmando que “muita gente pegava água de graça” e que menos de 20% da população pagava pelo consumo. Segundo ele, agora, em sua gestão, a população passou a pagar pelo serviço. Além disso, mencionou o papel da internet na divulgação de reclamações sobre o abastecimento.

“Nós estamos no momento do WhatsApp. Basta que não caia água na torneira do cidadão, ele já faz um vídeo e aquilo se espalha. De primeiro não tinha isso. As pessoas ficavam sem água uma semana, um mês e ficavam quietas. Se a imprensa não fosse lá para registrar, não aparecia. Hoje não. Hoje todo mundo é repórter”, concluiu.

Publicidade