Concurso ocorreu em domingo de calor e céu limpo; trânsito livre e movimento discreto na frente da faculdade marcaram o dia
A servente Raimunda Silva chegou à Estácio Unimeta menos de cinco minutos após o fechamento dos portões. Neste domingo (5/10), a moradora do bairro João Eduardo pretendia concorrer a uma vaga na área de tecnologia do Concurso Público Nacional Unificado (CPNU), mas acabou ficando de fora.
“O primeiro Uber cancelou, o segundo veio, mas fez uma volta enorme. Quando vi, já era tarde demais”, lamentou.
O trajeto entre sua casa e a faculdade, com cerca de seis quilômetros, custou R$ 8. O valor, considerado acessível para o horário, destoou da expectativa de tarifas elevadas em razão da alta demanda do concurso. A partir das 10h, os preços dos aplicativos de transporte já estavam fora da chamada “dinâmica”.
Dia tranquilo
Ao contrário do que se imaginava, a manhã na capital acreana foi marcada pela tranquilidade. O céu claro, o sol intenso e o calor de 35 graus compuseram o cenário do dia. Com mais de quatro mil inscritos, o CPNU mobilizou sete instituições de ensino só em Rio Branco.
Na Estácio Unimeta, que reuniu 2.207 candidatos, não houve aglomeração na entrada da faculdade. Faltando poucos minutos para fechar os portões, pontualmente às 10h30, o movimento se manteve discreto, e nem parecia que a unidade sediava um concurso tão aguardado e concorrido.
As vias de acesso, como a Avenida Ceará e a Valdomiro Lopes, estavam desimpedidas e o fluxo de veículos seguiu normalmente. Apesar da grande quantidade de carros estacionados em todas as direções, não foram registrados engarrafamentos nos minutos finais.
Atrasados
Assim que os portões fecharam, a Folha do Acre registrou a chegada de quatro inscritos no CPNU que perderam o prazo de entrada, entre eles Raimunda Silva. Também apareceram fora do horário Ronieri Brandão e sua companheira grávida, moradores da região da Sobral, além de Daniel Matos, profissional de enfermagem que vive no município de Bujari.
O casal, que buscava uma vaga na área de administração, atribuiu o atraso à confusão com os horários. “Achei que os portões fechavam às 11h, quando a prova começa, mas era 10h30. Foi falta de planejamento”, lamentou Ronieri Brandão, que atua como técnico bancário há 15 anos.
Já Daniel Matos perdeu a hora. “Pedi pra minha mulher me acordar, mas a gente se atrasou. Moro longe, no Bujari, e não deu tempo de chegar”, disse, ainda segurando o cartão de confirmação nas mãos.
Além da Estácio, as provas em Rio Branco foram aplicadas nas escolas Dom Pedro II, Francisco Salgado Filho, Padre Diogo Feijó, Colégio Estadual Barão do Rio Branco, Glória Perez e Instituto Lourenço Filho. Em Cruzeiro do Sul, os exames ocorreram nas escolas Craveiro Costa e Professor Flodoardo Cabral.
Dados consolidados
O CPNU é considerado o maior concurso público já realizado no Brasil. São mais de 760 mil inscritos em todo o território nacional, disputando 3.652 vagas distribuídas entre 32 órgãos do Executivo Federal. No Acre, a estrutura foi organizada com apoio da Universidade Federal do Acre (Ufac), da Escola Nacional de Administração Pública (Enap) e da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Além de ampliar o acesso ao serviço público, o certame também valoriza a diversidade. O edital prevê cotas para pessoas negras (25%), com deficiência (5%), indígenas (3%) e quilombolas (2%). Também há atendimento especializado para gestantes, lactantes e pessoas trans, com direito ao uso do nome social.
As mulheres representam a maioria das inscrições homologadas, com 60% do total. A próxima etapa do concurso, com provas discursivas, está marcada para o dia 7 de dezembro.