Deputado federal mais votado de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL) substitui Márcio Macêdo e passa a comandar uma das pastas mais estratégicas do Palácio do Planalto
Brasília (DF) — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta segunda-feira (20) a nomeação de Guilherme Boulos, deputado federal pelo PSOL-SP, como novo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, em substituição a Márcio Macêdo (PT-SE). A troca foi confirmada após reunião do núcleo político no Palácio do Planalto e marca uma reconfiguração no diálogo entre o governo e os movimentos sociais.
Formado em Filosofia e mestre em Psiquiatria pela USP, Boulos ganhou projeção nacional como coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), tornando-se uma das principais vozes em defesa da moradia e da reforma urbana. Em 2022, foi o deputado federal mais votado do país, com mais de 1 milhão de votos.
Função estratégica
A Secretaria-Geral é responsável por articular a Presidência com entidades da sociedade civil, movimentos populares e lideranças sociais, além de coordenar políticas de participação e transparência. A presença de Boulos no cargo é vista por analistas como um gesto de reaproximação entre o governo e as bases sociais que historicamente sustentam a esquerda.
Segundo interlocutores do Planalto, Lula busca “renovar o fôlego político” do Executivo, num momento de desafios de governabilidade e de preparação para o cenário eleitoral de 2026. O PSOL, partido de Boulos, passa assim a ocupar pela primeira vez um ministério de peso no governo federal.
Desafios e expectativas
Entre os desafios do novo ministro estão:
Manter equilíbrio entre militância e pragmatismo institucional;
Concretizar políticas públicas voltadas à moradia e à inclusão urbana;
Expandir o diálogo federativo, alcançando estados das regiões Norte e Nordeste.
A nomeação também desperta atenção de lideranças políticas fora do eixo Rio-São Paulo, que enxergam na nova gestão da Secretaria-Geral a chance de ampliar a presença de movimentos sociais da Amazônia Legal na formulação de políticas nacionais.
O que muda
Reforço da presença do PSOL na estrutura ministerial.
Ampliação do diálogo com movimentos populares.
Novo perfil de comunicação e articulação social no Planalto.
O que permanece
Foco em políticas participativas e de transparência.
Ligação direta com a Presidência da República.
Coordenação de temas sociais de impacto nacional.
Repercussão regional
Para o Acre e demais estados da Amazônia Legal, a mudança pode significar maior espaço para pautas urbanas e habitacionais regionais dentro da agenda federal. Representantes locais de movimentos de moradia e sustentabilidade acompanham com expectativa os desdobramentos da nova fase na Secretaria-Geral.
Olhar jurídico e institucional
Sob a ótica do Direito Constitucional, a nomeação reforça o princípio da função social da administração pública, prevista no artigo 37 da Constituição Federal, e exemplifica o uso político legítimo da estrutura ministerial para ampliação da representatividade democrática — sem romper com a legalidade ou o equilíbrio entre os Poderes.
Conclusão
A chegada de Guilherme Boulos ao primeiro escalão do governo marca um movimento político e simbólico relevante. Caberá ao novo ministro transformar sua trajetória de militância em resultados administrativos concretos, conciliando pautas sociais com a responsabilidade institucional que o cargo exige.