Ícone do site Folha do Acre

“Aqui não é bagunçado”: presidente da Câmara reage a ataques de vereador acusado de tentativa de estupro em Manoel Urbano

A sessão da Câmara de Vereadores de Manoel Urbano, realizada na última terça-feira, 14, foi marcada por tensão e confronto direto entre o vereador Piqueno Fortunato (PP) — que responde na Justiça por tentativa de estupro, violência psicológica e perseguição contra uma adolescente de 13 anos — e o presidente da Casa, Cleyton Nogueira (PP). Visivelmente alterado, Piqueno interrompeu a condução da sessão e tentou tumultuar os trabalhos legislativos.

O desentendimento começou durante a leitura do parecer da Comissão de Legislação, Justiça e Redação (CLJR) sobre o Projeto de Lei nº 04/2025, que regulamenta a Lei nº 557/2024 e cria a Secretaria de Comunicação da Câmara. Sem demonstrar domínio sobre o tema, o vereador afirmou que desconhecia o projeto e tentou desautorizar a Mesa Diretora.

“Na verdade, eu nem votei. Eu não tenho nem conhecimento desse projeto, e o relator dessa comissão não era eu pra ler, não, hein, presidente?”, disse o parlamentar, em tom de ironia.

O presidente Cleyton Nogueira reagiu de imediato, exigindo respeito e lembrando que a Câmara tem regras e hierarquia. “Aqui ninguém bagunça esta Casa. O relator não é obrigado a ler toda vez; o secretário pode apresentar o relatório de qualquer comissão. Vamos ter educação”, retrucou o presidente.

Incomodado com a resposta, Piqueno voltou à tribuna, elevando o tom e acusando o presidente de perseguição política, mesmo sendo ele o responsável por uma das maiores crises de imagem da Câmara após sua prisão em flagrante, em maio deste ano.

“Quero deixar claro que esta Casa demonstra desrespeito. Não sou seu menino nem seu criado pra o senhor vir querer chamar minha atenção aqui. Não houve encontro das comissões para tratar do projeto. Estou sendo alvo de perseguição política pelo presidente”, afirmou, tentando inverter a narrativa.

Durante a transmissão ao vivo pelo YouTube, diversos internautas reagiram às declarações de Piqueno, pedindo que ele respeitasse o Regimento Interno e lembrando que ele responde a processo grave no Tribunal de Justiça do Acre. O vereador, no entanto, manteve o discurso de vítima.

“Quero dizer um internauta que, não tenho que agradecer ao presidente. Estou sendo perseguido pelo presidente desta Casa desde janeiro”, insistindo nas acusações.

Em resposta, Cleyton Nogueira foi enfático e lembrou que, ao contrário das acusações, a presidência sempre agiu dentro da legalidade, inclusive garantindo proteção ao próprio Piqueno quando ele esteve afastado após sua prisão.

“Todos aqui são parlamentares eleitos pelo voto do povo e devem agir com responsabilidade. O projeto não foi feito às escondidas. Se o senhor não acompanhou, foi por falta de interesse. Não há espaço para espetáculo ou desmoralização desta Mesa. Transparência não falta aqui”, finalizou o presidente.

Sair da versão mobile