A Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre) realizou, nesta segunda-feira, 20, a qualificação “Fluxo de atendimento, notificação e manejo clínico das intoxicações exógenas após consumo de bebida alcoólica adulterada por metanol”, no auditório do Pronto-Socorro de Rio Branco.
A capacitação reúne gerentes e diretores técnicos das unidades de saúde, médicos, equipes do Núcleo Hospitalar de Epidemiologia (NHE) e responsáveis técnicos dos laboratórios, com o objetivo de alinhar condutas e fortalecer o fluxo de atendimento e notificação de casos suspeitos de intoxicação.
A ação busca garantir uma resposta oportuna e padronizada, com base nas diretrizes técnicas atualizadas do Ministério da Saúde e da Sesacre, visando à segurança do paciente e à articulação com os serviços de vigilância em saúde.
A chefe do Centro de Informação Estratégica e Vigilância em Saúde (Cievs), Débora dos Santos, reforçou a importância da iniciativa como parte do fortalecimento do fluxo de resposta diante de possíveis casos de intoxicação por metanol, destacando que o treinamento integrado entre os profissionais permite que as ações sejam executadas de forma mais coordenada e eficiente.
“Essa capacitação é fundamental, porque nos permite alinhar os papéis de cada equipe no processo de notificação e resposta. Quando um caso suspeito chega à unidade, é o núcleo hospitalar que faz a notificação, o que possibilita que a Vigilância em Saúde acione rapidamente a Assistência Farmacêutica do Estado para solicitar o antídoto ao Ministério da Saúde. Ter esse fluxo bem definido e as informações circulando em tempo hábil é o que garante uma resposta rápida e segura à população”, destacou.

O médico perito Ítalo Maia explicou que o metanol é uma substância de uso industrial, com alto potencial tóxico, e que sua ingestão representa um grave risco à saúde. Segundo o profissional, compreender os sintomas e buscar atendimento imediato pode ser decisivo para evitar complicações mais severas.
“O metanol é um produto químico utilizado na indústria, como solvente para fabricação de tintas e combustíveis, e não foi criado para o consumo humano. Quando ingerido, pode causar intoxicação severa, com lesões neurológicas graves, como cegueira permanente, e até levar a óbito, se o atendimento não for imediato. Se a pessoa ou um familiar consumiu bebida alcoólica e, após até 72 horas, continua com sintomas de ressaca que não melhoram ou pioram, é fundamental procurar um serviço de saúde, pois pode se tratar de intoxicação por metanol”, alertou.
Por isso, a Sesacre reforça que qualquer pessoa que suspeite de intoxicação deve procurar imediatamente uma unidade de pronto atendimento (UPA) ou, em Rio Branco, o Pronto-Socorro, onde receberá avaliação médica rápida e adequada.
A Fundação Hospitalar Governador Flaviano Melo (Fundhacre) atua como ponto estratégico no fluxo de atendimento, oferecendo suporte especializado para casos de intoxicação com potencial de complicação. Segundo o diretor técnico, a instituição está preparada para receber os pacientes que necessitem de cuidados avançados, garantindo acesso às diferentes especialidades médicas e à infraestrutura hospitalar adequada, incluindo terapia intensiva e suporte laboratorial.
“Estamos à disposição para dar continuidade ao cuidado de pacientes com casos complexos, oferecendo atendimento integrado pelo nosso time de especialistas no hospital. Contamos com toda a estrutura necessária para garantir que, se necessário, cada paciente receba a assistência mais completa e segura possível”, afirmou Rafael Carvalho, médico e diretor técnico da Fundhacre.
O Acre não apresenta, neste momento, nenhum caso suspeito ou confirmado de intoxicação por metanol. “Todos os laboratórios do Estado já estão alinhados com o Laboratório Científico da Polícia Civil para garantir a precisão diagnóstica, quando houver suspeita de intoxicação. Inicialmente, os exames laboratoriais são realizados na própria unidade de saúde, e, conforme a avaliação médica e os resultados obtidos, as amostras podem ser encaminhadas ao laboratório científico para confirmação da presença de metanol”, explicou Aglanair Pascoal, chefe da Divisão de Apoio Diagnóstico.
Proveniente de Plácido de Castro, o gerente de enfermagem da Unidade Mista Ana Nery, em Vila Campinas, Cleildo Moraes, ressaltou a relevância da capacitação para profissionais de saúde, especialmente aqueles que atuam em regiões mais distantes dos centros urbanos.
Agência de Notícias do Acre