quinta-feira, 16 outubro 2025

Acre fica de fora da ampliação de parques tecnológicos em regiões menos desenvolvidas

Por André Gonzaga, da Folha do Acre

Estudo do governo federal mostra avanço dos espaços de inovação e aponta desigualdade entre unidades da federação; projeto da Universidade Federal do Acre foi rejeitado

O Brasil conta com 113 parques tecnológicos distribuídos pelas cinco regiões, considerando unidades ativas, em processo de instalação e em fase de planejamento. Os dados são de um levantamento divulgado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) na última segunda-feira (13/10), em Foz do Iguaçu (PR), durante a abertura da 35ª Conferência da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec). A programação encerra na quinta (16/10).

A pesquisa, feita em parceria com a Universidade Federal de Viçosa (UFV), revela que esses ambientes reúnem mais de 2.700 empresas e instituições. Apesar da expansão, a distribuição dos centros permanece desigual. Até janeiro de 2025, 11 unidades federativas não tinham nenhum parque funcionando, sendo que três delas não apresentavam qualquer iniciativa em andamento.

Para ampliar esse cenário, o governo federal lançou em 2024 um edital de R$ 100 milhões voltado aos estados não contemplados em edições anteriores. No entanto, a implantação do Parque Tecnológico da Universidade Federal do Acre (Ufac), única proposta apresentada na fase de habilitação, acabou rejeitada pela comissão técnica. Embora não tenha avançado em Rondônia, no Mato Grosso do Sul e por aqui, a rede nacional abraçou nove projetos divididos entre Espiríto Santo, Maranhão, Amapá, Tocantins, Alagoas, Sergipe (2) e Amazonas (2).

Segundo o MCTI, o crescimento desses e de outros espaços está relacionado aos investimentos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), que destinou R$ 670 milhões ao setor nos últimos anos. A presidenta da Anprotec, Adriana Ferreira de Faria, afirmou que “as empresas instaladas nesses locais registraram aumento de receita, geração de patentes e contratação de profissionais entre 2017 e 2023”.

O estudo aponta que os ambientes mais eficientes estão conectados a universidades com forte produção científica. A presença de incubadoras, programas de pós-graduação e redes de cooperação impulsiona o desempenho desses polos. Em áreas com menor infraestrutura, a exemplo da região Norte, as soluções mais acessíveis podem ser eficazes no início, como núcleos de apoio a empreendedores.

Outro dado relevante é que os parques tecnológicos brasileiros ainda são recentes, com média de idade de 13 anos. Apenas cinco deles concentram mais de 100 empresas, enquanto um quarto possui menos de 12. As áreas mais comuns de atuação são tecnologia da informação, economia criativa, saúde, biotecnologia e agronegócio.

O levantamento ainda alerta que a criação desses espaços deve ser guiada por critérios técnicos, e não por interesses eleitorais. Segundo o documento, a credibilidade e a estrutura de gestão são fundamentais para atrair negócios e garantir o sucesso dos empreendimentos.

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