WASHINGTON, D.C. — Em uma movimentação que reverberou nos círculos da fé e da política, o presidente Donald Trump instituiu, em 1º de maio de 2025, a Religious Liberty Commission, por meio de uma ordem executiva assinada durante o Dia Nacional de Oração. O objetivo: investigar e propor políticas voltadas à proteção da liberdade religiosa nos Estados Unidos. Entre os 13 membros nomeados está o evangelista Franklin Graham, líder da Billy Graham Evangelistic Association e da organização de ajuda humanitária Samaritan’s Purse .
Propósito e membros
A comissão, presidida pelo vice-governador do Texas, Dan Patrick, com Ben Carson como vice-presidente, terá como missão identificar “ameaças à liberdade religiosa”, fortalecer proteções para escolas religiosas, líderes de fé e instituições, além de promover programas que realcem o pluralismo religioso no país .
Além de Graham, outros nomes de destaque incluem Paula White-Cain, Dr. Phil McGraw, Eric Metaxas, o Cardeal Timothy Dolan, o Bispo Robert Barron, Kelly Shackelford (First Liberty Institute) e Rabbi Meir Soloveichik, o único representante não-cristão no grupo .
Segundo Franklin Graham, “a liberdade religiosa é um princípio fundador de nossa nação e continua tão vital hoje quanto em 1791, quando nossos pais fundadores a consagraram na Primeira Emenda” .
Reações e críticas
A iniciativa provocou reação imediata de críticos que apontam a composição predominantemente evangélica branca como um sinal de favorecimento ao nacionalismo cristão. Acadêmicos como Melissa Deckman observam que o corpo foi formado para agradar esse segmento, cujo sentimento de perseguição cresce à medida que as políticas progressistas avançam .
Organizações como Americans United for Separation of Church and State alertam para o risco de violação da separação entre Estado e Igreja, e alguns temem que a comissão acabe legitimando discriminações sob o disfarce da “liberdade religiosa” .
Uma crítica contundente foi publicada no Kansas Reflector, apontando que a ação pode significar o fim da liberdade religiosa para todos, destacando que a comissão parece servir exclusivamente aos interesses de grupos religiosos conservadores
Conclusão
A nomeação de Franklin Graham para a Religious Liberty Commission reforça a postura de Trump de alinhar sua agenda política com líderes da fé conservadora. Embora tenha apoio considerável entre essa base, a iniciativa levanta preocupações sérias sobre a neutralidade do Estado em relação à religião e os direitos de outras comunidades religiosas ou grupos civis.
Adriano Gonçalves é colunista do jornal Folha do Acre