Único vereador de esquerda na Câmara de Rio Branco, André Kamai (PT) participou neste domingo de manifestação contra a chamada PEC da Blindagem e contra a anistia a envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Em entrevista durante o ato, o parlamentar criticou a proposta, defendeu pautas sociais e acusou a gestão municipal de priorizar obras de “fachada”.
“Eu estou muito tranquilo porque eu estou lutando pelas pautas de interesse real do povo. Eu estou lutando para que a gente tenha a isenção do gás para a maioria do povo pobre dessa cidade. São 141 mil famílias que serão atingidas. Eu estou lutando para que a gente tenha a isenção da energia para muitas famílias […] e para que quem ganha até 5 mil reais não pague imposto de renda”, afirmou.
Kamai também alfinetou o prefeito Tião Bocalom (PP): “O prefeito prefere colocar 3 bilhões de reais em decoração de um viaduto enquanto o bairro Vista Linda sequer ligação de água tem. Eu estou fazendo a luta para que a gente tenha transporte coletivo de qualidade, asfalto, iluminação, segurança. Eu estou lutando para que a gente tenha o povo como prioridade.”
Para o vereador, a manifestação deste domingo representa uma retomada da capacidade de mobilização da esquerda no Acre.
“A gente só vai conseguir superar essa situação nas ruas, não em debates nas redes sociais, nem em posicionamentos dentro de casa. Hoje isso aqui é uma demonstração forte. O povo veio pelo chamado que a gente fez contra a PEC da blindagem e contra a anistia para quem tentou dar golpe de Estado no país.”
Questionado sobre os 12 deputados do PT que votaram a favor da PEC da blindagem, Kamai lamentou o voto de parte da bancada federal petista a favor da proposta.
“Eu lamento. Talvez tenham tentado construir algum acordo em relação à anistia, mas não é por aí que a gente deve seguir. O PT tem que ter uma posição clara, ao lado dos interesses do povo brasileiro. No Senado já estamos com pauta fechada: 100% contra a PEC da blindagem e contra a anistia”, disse.
A proposta, em tramitação no Congresso, altera regras sobre inelegibilidade e imunidade parlamentar. Críticos afirmam que o texto pode abrir brechas para a anistia de envolvidos nos ataques de 8 de janeiro, além de enfraquecer mecanismos de responsabilização política e judicial.
A manifestação realizada em Rio Branco integrou os atos nacionais convocados por partidos e movimentos sociais de esquerda.