Na abertura da 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas, realizada nesta terça-feira (23), em Nova York, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfatizou a resiliência da democracia brasileira diante de ataques recentes, reforçando o compromisso do país com o multilateralismo e a soberania.
Em sua fala, Lula declarou que o Brasil, “mesmo sob ataques sem precedentes, optou por resistir e defender sua democracia conquistada há 40 anos”. A referência aponta para o processo de redemocratização iniciado em 1985, após duas décadas de regime militar.
O discurso também incluiu menção indireta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente em análise no Supremo Tribunal Federal (STF). Sem aprofundar-se em detalhes, Lula ressaltou que o sistema de justiça brasileiro está atuando em conformidade com suas atribuições constitucionais.
Na parte final de sua intervenção, o presidente defendeu que democracias sólidas vão além do simples “ritual eleitoral”. Segundo ele, resistir a ataques contra as instituições é um passo essencial para a preservação do Estado de Direito.
Do ponto de vista geopolítico, o posicionamento do Brasil sinaliza duas mensagens centrais à comunidade internacional: primeiro, a disposição de reforçar seu papel como defensor da governança global baseada em regras; segundo, a intenção de afirmar sua estabilidade política em um contexto em que a solidez democrática é observada com atenção pelos mercados e parceiros estratégicos.
Com essa fala, o Brasil busca projetar não apenas a imagem de resiliência institucional, mas também de ator relevante na defesa do multilateralismo num cenário internacional marcado por tensões políticas e econômicas crescentes.
Adriano Gonçalves é colunista de geopolítica