quinta-feira, 11 setembro 2025

Justiça absolve mulher coagida por ex-companheiro a entrar em presídio com drogas

Redação Folha do Acre

Uma mulher acusada de tentar entrar na Unidade Prisional Evaristo de Moraes, em Sena Madureira, com drogas escondidas, foi absolvida pela Justiça do Acre. O juiz Eder Viegas reconheceu que ela agiu sob forte coação moral, praticada pelo ex-companheiro, e aplicou ao processo o Protocolo de Julgamento com Perspectiva de Gênero, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

O caso ocorreu em março de 2024, quando a acusada foi flagrada levando cerca de 96 gramas de maconha para dentro do presídio, onde o ex-companheiro cumpria pena. Durante a instrução processual, ficou comprovado que a mulher sofria agressões físicas e psicológicas, além de ameaças constantes, que a colocavam em um ambiente de medo e submissão.

Diante desse cenário, o Ministério Público do Acre (MPAC) reconheceu a coação moral irresistível e pediu a absolvição da denunciada, alegando que não havia como exigir dela outra conduta diante do contexto de violência doméstica a que estava submetida.

Na sentença, o magistrado destacou que tanto a materialidade quanto a autoria do crime foram comprovadas, mas ressaltou que também estavam presentes os requisitos legais para excluir a responsabilidade penal. Segundo ele, as ameaças não foram simples intimidações, mas parte de um histórico de violência de gênero que deixou a acusada em total vulnerabilidade.

O juiz ressaltou ainda que as lesões apresentadas pela ré em audiência reforçaram o relato de violência. Para ele, a ação criminosa foi consequência direta da pressão psicológica e física sofrida pela mulher.

Com base nisso, a Justiça acolheu o pedido do MPAC e declarou a absolvição da acusada. A decisão ainda é passível de recurso.

Publicidade