Jovens artistas do Acre se destacaram no Festival LABMais 2025, realizado recentemente em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul. Promovido pelo Sesc, o evento reuniu talentos de todas as regiões do país, oferecendo oficinas, cursos e mostras culturais com foco no protagonismo juvenil, na criação artística e na profissionalização de jovens produtores culturais.
O LABMais é reconhecido por seu caráter experimental e pedagógico, funcionando como um espaço conceitual, criativo e colaborativo. Durante o festival, os participantes puderam explorar linguagens diversas, incluindo audiovisual, música, artes visuais e arte-educação, desenvolvendo habilidades técnicas e expressivas por meio de experiências práticas e teóricas. Mais do que cursos, o projeto proporcionou vivências que conectaram os jovens com artistas e profissionais do setor, promovendo intercâmbios culturais de alcance nacional e fortalecendo a trajetória dos participantes.
Representando o Acre, a multiartista Maya Dourado destacou a importância do festival para visibilizar a produção artística da região amazônica. “O Festival Lab Mais vem justamente para unir essa diversidade e mostrar que, por mais que estejamos em lugares diferentes do Brasil, temos algo em comum: a luta, nossas pautas e o fato de sermos jovens, criar e resistir”, afirmou Maya. Ela ressaltou ainda que o evento foi uma oportunidade de trazer à tona questões ambientais que afetam a Amazônia, como queimadas, poluição do ar e impactos das secas.
Para Maya, participar do LABMais também significou um aprendizado sobre resistência artística e intercâmbio cultural. “Acho que o maior aprendizado que eu estou levando do Lab+, é justamente saber resistir. Entender que, apesar de todos os atravessamentos que a gente tem para ser artista em um estado que tem pouca visibilidade, um estado onde é difícil sair por conta dos preços das passagens aéreas e da dificuldade mesmo terrestre, que a gente tem de conhecer outros lugares e conhecer outras culturas. O Lab+, ele vem para fazer esse intercâmbio cultural. Então, o que eu levo para o meu estado é justamente pensar em meios para que as pessoas que estão lá e que não conseguem sair de Rio Branco, sair do Acre, consigam também ter uma experiência parecida com a minha e também consigam chegar em lugares que elas possam também mostrar suas expressões.”
Arthur Quebrado, poeta e produtor cultural, que ministrou a oficina “Um passeio na floresta da fala”, também destacou a responsabilidade de representar a juventude artística acreana em um evento de alcance nacional. “É uma tremenda responsabilidade e uma honra estar ministrando uma oficina. Oportunidades como essa ajudam a juventude produtora de cultura a se reafirmar como profissional no papel que desempenha”, disse. Arthur enfatizou que a experiência de mostrar a poesia marginal do Acre em um espaço diverso e culturalmente rico proporcionou aprendizado e inspiração para compartilhar com outros jovens do estado.
Além das oficinas, o LABMais contou com apresentações, exibições e mostras culturais, oferecendo aos participantes a chance de apresentar suas produções para o público e criar conexões profissionais. Para Arthur, o evento foi uma oportunidade de trocar experiências com artistas de outras regiões do país e compreender diferentes contextos culturais. “Imenso demais, é uma responsabilidade tremenda tá aqui representando o meu estado e trazendo a poesia marginal do Acre pra outra ponta do Brasil, tenho buscado trocar ideia com a galera de outros estados para que eu possa não só trazer do meu, mas levar o que eu aprendi para compartilhar com nossa juventude”, afirmou.
Os dois artistas também destacaram os desafios enfrentados pelos jovens do Acre. “A falta de valorização dos produtores culturais jovens ainda é um grande obstáculo, apesar de vermos a cultura urbana e jovem bem movimentada, ainda é muito difícil o acesso a recursos e ferramentas para que atividades como o festival de Juventude LABMais aconteçam em nosso estado”, explicou Arthur.
Maya reforçou a importância da formalização da prática artística, tanto para o acesso a espaços acadêmicos quanto para a profissionalização no mercado cultural. “Às vezes banalizamos a formalização do artista, mas ela é fundamental para acessar espaços acadêmicos e profissionais. Estudar nosso contexto artístico regional nos diferencia e fortalece nossa atuação dentro do cenário nacional”, afirmou.
O LABMais 2025, portanto, representou um marco para os jovens acreanos, ao combinar aprendizado técnico, intercâmbio cultural e visibilidade nacional. Para Maya e Arthur, o festival demonstrou que, mesmo em estados com menor destaque no cenário artístico, é possível criar, compartilhar experiências e conquistar novos espaços. Arthur ainda deixou uma mensagem de incentivo para outros jovens: “É super possível!! O LABMais é uma iniciativa incrível do Sesc que profissionaliza e oferece recursos para que os jovens produzam e usufruam dos frutos que essas produções geram, gerando conexões e proporcionando intercâmbios culturais.”