terça-feira, 9 setembro 2025

Jovens acreanos participam do Festival LABMais 2025 em Caxias do Sul

Por Aikon Vitor, da Folha do Acre

Jovens artistas do Acre se destacaram no Festival LABMais 2025, realizado recentemente em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul. Promovido pelo Sesc, o evento reuniu talentos de todas as regiões do país, oferecendo oficinas, cursos e mostras culturais com foco no protagonismo juvenil, na criação artística e na profissionalização de jovens produtores culturais.

O LABMais é reconhecido por seu caráter experimental e pedagógico, funcionando como um espaço conceitual, criativo e colaborativo. Durante o festival, os participantes puderam explorar linguagens diversas, incluindo audiovisual, música, artes visuais e arte-educação, desenvolvendo habilidades técnicas e expressivas por meio de experiências práticas e teóricas. Mais do que cursos, o projeto proporcionou vivências que conectaram os jovens com artistas e profissionais do setor, promovendo intercâmbios culturais de alcance nacional e fortalecendo a trajetória dos participantes.

Representando o Acre, a multiartista Maya Dourado destacou a importância do festival para visibilizar a produção artística da região amazônica. “O Festival Lab Mais vem justamente para unir essa diversidade e mostrar que, por mais que estejamos em lugares diferentes do Brasil, temos algo em comum: a luta, nossas pautas e o fato de sermos jovens, criar e resistir”, afirmou Maya. Ela ressaltou ainda que o evento foi uma oportunidade de trazer à tona questões ambientais que afetam a Amazônia, como queimadas, poluição do ar e impactos das secas.

Para Maya, participar do LABMais também significou um aprendizado sobre resistência artística e intercâmbio cultural. “Acho que o maior aprendizado que eu estou levando do Lab+, é justamente saber resistir. Entender que, apesar de todos os atravessamentos que a gente tem para ser artista em um estado que tem pouca visibilidade, um estado onde é difícil sair por conta dos preços das passagens aéreas e da dificuldade mesmo terrestre, que a gente tem de conhecer outros lugares e conhecer outras culturas. O Lab+, ele vem para fazer esse intercâmbio cultural. Então, o que eu levo para o meu estado é justamente pensar em meios para que as pessoas que estão lá e que não conseguem sair de Rio Branco, sair do Acre, consigam também ter uma experiência parecida com a minha e também consigam chegar em lugares que elas possam também mostrar suas expressões.”

Arthur Quebrado, poeta e produtor cultural, que ministrou a oficina “Um passeio na floresta da fala”, também destacou a responsabilidade de representar a juventude artística acreana em um evento de alcance nacional. “É uma tremenda responsabilidade e uma honra estar ministrando uma oficina. Oportunidades como essa ajudam a juventude produtora de cultura a se reafirmar como profissional no papel que desempenha”, disse. Arthur enfatizou que a experiência de mostrar a poesia marginal do Acre em um espaço diverso e culturalmente rico proporcionou aprendizado e inspiração para compartilhar com outros jovens do estado.

Além das oficinas, o LABMais contou com apresentações, exibições e mostras culturais, oferecendo aos participantes a chance de apresentar suas produções para o público e criar conexões profissionais. Para Arthur, o evento foi uma oportunidade de trocar experiências com artistas de outras regiões do país e compreender diferentes contextos culturais. “Imenso demais, é uma responsabilidade tremenda tá aqui representando o meu estado e trazendo a poesia marginal do Acre pra outra ponta do Brasil, tenho buscado trocar ideia com a galera de outros estados para que eu possa não só trazer do meu, mas levar o que eu aprendi para compartilhar com nossa juventude”, afirmou.

Os dois artistas também destacaram os desafios enfrentados pelos jovens do Acre. “A falta de valorização dos produtores culturais jovens ainda é um grande obstáculo, apesar de vermos a cultura urbana e jovem bem movimentada, ainda é muito difícil o acesso a recursos e ferramentas para que atividades como o festival de Juventude LABMais aconteçam em nosso estado”, explicou Arthur.

Maya reforçou a importância da formalização da prática artística, tanto para o acesso a espaços acadêmicos quanto para a profissionalização no mercado cultural. “Às vezes banalizamos a formalização do artista, mas ela é fundamental para acessar espaços acadêmicos e profissionais. Estudar nosso contexto artístico regional nos diferencia e fortalece nossa atuação dentro do cenário nacional”, afirmou.

O LABMais 2025, portanto, representou um marco para os jovens acreanos, ao combinar aprendizado técnico, intercâmbio cultural e visibilidade nacional. Para Maya e Arthur, o festival demonstrou que, mesmo em estados com menor destaque no cenário artístico, é possível criar, compartilhar experiências e conquistar novos espaços. Arthur ainda deixou uma mensagem de incentivo para outros jovens: “É super possível!! O LABMais é uma iniciativa incrível do Sesc que profissionaliza e oferece recursos para que os jovens produzam e usufruam dos frutos que essas produções geram, gerando conexões e proporcionando intercâmbios culturais.”

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