O ensino médio integral ganhou força no Brasil nos últimos oito anos. Entre 2016 e 2024, o número de estudantes nessa modalidade cresceu 242%, saltando de 393 mil para 1,3 milhão de matrículas. No entanto, essa expansão não foi uniforme pelo país, e o Acre está entre os estados que menos acompanharam essa tendência.
Segundo levantamento do movimento Todos Pela Educação, com base em dados oficiais do MEC e do Inep, menos de 10% das matrículas estaduais no Acre correspondem ao ensino integral. Apenas 7% das escolas oferecem a modalidade. O índice contrasta fortemente com estados como Pernambuco, Piauí e Ceará, que já ultrapassaram a marca de 50% de cobertura.
Para os pesquisadores, a baixa expansão no Acre revela uma combinação de fatores: falta de priorização da política, limitações orçamentárias e o peso das condições sociais locais, onde muitos jovens precisam dividir o tempo entre os estudos e o apoio à família.
Em entrevista ao portal de notícias Ac24horas, o secretário de Educação do estado, Aberson Carvalho, reconhece os desafios. “Durante nossa gestão frente a SEE, ampliamos em mais de 100% escolas que oferecem ensino integral, e ampliamos em mais de 200% em números de estudantes no ensino integral. Porém, não nego o desafio de fazer o ensino integral, em um estado que não possui essa cultura, além dos desafios socioeconômicos que levam muitas vezes o aluno a apoiar os pais na ajuda em casa, como muitas vezes trabalhando”, disse.
Aberson também critica a forma como a política foi estruturada no Brasil. “A política nacional do ensino integral deu início pelo ensino médio, porém é um erro. Se o país tivesse começado pelos anos iniciais, não tenho dúvida que teríamos uma nova cultura para essa modalidade.”
O estudo ainda aponta que, enquanto estados do Nordeste consolidaram a modalidade como política de Estado, Acre, Rondônia e Roraima registram expansão tímida ou praticamente estagnada. Especialistas alertam que essa disparidade pode ampliar desigualdades regionais no futuro.